segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ar puro

Embaixo das cachoeiras das tuas palavras não existe água gelada.
Sinto cada gota passar pelo meu corpo e deixar sua marca.
Na mente, na memória, n'um abraço.
É como um afago da vida, em dizer para não desistir.
Piso em chão desconhecido, trilha perdida na floresta do teu ser.
Ainda assim, me pego a continuar.
Teus longos/curtos raios de sol brilham.
Ontem e hoje agradeço por ter chegado.
Esverdeando linguagens sinceras. Acalentando abraços. Frutificando sorrisos.
Obrigada.

New Year

E como galhos que nascem, crescem e ficam secos; passou mais uma estação.
Não há nada mais novo. Não almejo o rumo que um dia, sonhei.
Hoje, tudo é real. Quis comigo uma ou duas pitadas de imaginação e fui afogada em sanidade.
Não dói, mas é penoso crescer. As cores vivas que um dia pintei, hoje dormem em um papel velho amarelado.
É final de mais um ano, novos objetivos traçarei.
O meu íntimo sonha em um porvir bonito. Isso nunca vou perder.
A esperança de dias melhores é o que sempre me fará sobreviver.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Des encaixe

Os dias eram munidos de sorrisos.
Enchiam-se de alegrias desmotivadas.
Tudo se encaixava, tudo combinava.
Os dias passavam juntos e anexados.

O céu era sempre limpinho,
O sol tinha um brilho diferente.

Parecia que o medo ia embora. Aos poucos.
Parecia que os muros diminuíam de tamanho.
Hoje, era possível clarear o interior.
Havia luz. Ainda que um leve feixe, era luz.
Abria um tímido sorriso.

Presente

Foi um raio de sol. Por entre as nuvens, se mostrou e formou um fio. E essa luz se fez necessária. Era dia nublado e com neblina. Veio com a imensidão verde daqueles faróis e me levou para navegar por mar calmo. Era tranquilidade, era leveza, era paz de espírito. Era manhã, era um bom dia. Era o bem. Era o meu presente de natal.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Amanheceu II

Clareou. Fecho os olhos e olho para dentro. A indolência do meu corpo não reflete a debandada mental que vivo diariamente. Feliz dia, feliz momento, feliz ares. Acordo, levanto e vivo.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Era noite

Já não era dia. O relógio marcava meia noite e o coração seguia compassos. Os olhos fitavam o teto já sem nenhuma luz. Em círculos, se perdia. Um vórtice de pensamentos. Tinha sono e não dormia. Foi presenteada com algo novo ali. Assim, mergulhava em seu mar de calmaria e com o tempo, submergia nos sonhos.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tired

Olhos nos olhos de quem vejo e não me reconheço.
O meu viajar dá tantas voltas que já nem sei bem onde estou.
Deslizo a mão em minha pele e já sinto o passar do tempo.
Sentimentalmente em cacos, constantemente revivendo.
Sou expectadora da primeira fila do meu espetáculo.
Observo, sinto e vibro sentada. Cansada.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Solidez

Aqueles sussurros já vestiam completamente a nudez da minha solitude. Ouvia-se passos carregados de solidez para cá e para lá. Já não eram os tempos de tempos atrás. Derramaram-me tantas certezas e todas engoli. Era noite, era o fim do ano. Era o quase começo de uma nova época.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

De pé

Posso, um dia, ter almejado sonhos que não alcançaria.
Posso ter feito planos que mais cedo ou mais tarde, os deixaria.
Posso ter vivido esperando por tanto tempo quanto não veria.
Mas enfim, despertei e pela janela vi que há muito já amanhecia.

E levantei.

Era a estrada

Era uma curva. Virando a esquina, uma distração.
Era um escape. Pegando velocidade na contramão.
E quando vi, me sentia livre e sem direção.
Precisava viver, esquecer um pouco a preocupação.

Com isso, segui e por várias rotas caminhei.
De um lado pra outro, por tantos caminhos, enfim cheguei.
Ao centro do nada, ao fim de tudo que um dia almejei.
E me vejo aqui. Onde, enfim, num sonho, me alcancei.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Conjunto de novas notas

Passa o tempo, passa o vento, passa a tempestade.
Passa a vida, passa o dia, o alvorecer e algumas vontades.
Surgem outras, surgem sorrisos e novos dias.
Reenergizo-me. Reavivo-me. Ouço novas melodias.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Foccus

Te lembro, te sinto. Te ignoro, te priorizo. Te vejo, choro. Dou gargalhadas aqui, meu olhar pesa mais por ali. Falhei ou conquistei. Tantos enquantos e todavias. Tantas esquinas e novos lugares. A vida se mostra assim. É assim que a vida se mostra. Foco nisso ou naquilo. Alegre aqui ou ali. Tudo é sobre saber observar. Aproveitar. Viver. C'est la vie.

La vie

Um novo dia, prévia de um novo ano.
Dia de redescobrir, dia de reinventar.
Dia de relembrar, dia de rejuvenescer.
Momentos em que nos renovamos.
Foi assim. Leve, lindo, claro!
Um dia para valer por todos os em sombra.
Um dia para nos lembrar o quão linda pode ser a vida!
Onde ela se mostra, onde ela se impõe.
Bons momentos, boas pessoas.
Sorrisos! Ah, os sorrisos...
Me encantam.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Freedom

Foi o estopim da melancolia.
Gargalhadas sem sentido e assuntos desconexos tomaram aquele lugar. O vento beijava seus cabelos quando só havia estagnação de temperatura. Estava abafado, não era colorido e, ainda assim, se tornou o lugar mais lindo desse mundo por instantes.
Sentiu vivo cada membro do seu corpo. Cada centímetro daquela pele se sentia livre para viver. As amarras mentais foram queimadas, se desmaterializaram. Todos os seus movimentos eram mais leves e mais espontâneos.
Podia cantar sem saber a letra, podia conversar com gente estranha, podia dançar e sorrir por aí por nada.
Estava leve. De fato e há muito tempo, mas só a partir dali se sentiu assim.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sir Time

Pelo caminho, me reconhecia. As costas cada vez mais pesadas traziam o significado do tempo. Rotatividade. Na estrada para tantos lugares, conheci tantas pessoas. Pessoas que vinham e que iam. Pessoas que levaram parte de mim, outras que me refizeram. E a caminhada continuou. Em frente, havia outro contexto. Eu me refazia, me recriava. Ainda assim, as costas doíam. Tamanho era o pesar dos dias que iam entortando-me. Curvando-me cada vez mais aos dizeres que aprendi do senhor tempo. Gentil, me oferecia flores por vezes. Sutil, arrancava cada pétala novamente. Era assim, marcado pela efemeridade e pelo eterno esquecimento.

Silent

Um assassino. Torturava e maltratava.
Ninguém o entendia. Como uma incógnita.
Andava escondido, mas quando aparecia,
Surrava os pobres presentes.
Ninguém escapava. Poderiam correr.
Todos fugiam em todas as suas infinitudes.
Temido, era o silêncio.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Tempo amigo

Tempo. Tempo que se arrasta, tempo que voa.
Tempo que corre, tempo que rege. És criança travessa.
De longas permanências, traz lembranças.
Traz ventos, traz pessoas. Vagarosa e instável canoa.
Nunca se sabe quando pode virar.
Calmaria superficial. Superfície singela, maternal.
Vejo-te, tempo amigo. Te acompanho, vou andar contigo,
até que não mais possa inspirar qualquer partícula do teu penar.
Quando não mais hajam batidas, quiçá, um dia, pouco mais repetidas,
do que um dia me fez sonhar.

Pela estrada

Corria desesperadamente para todos os lados. Sempre presa, agora sentia o vento no seu rosto, hipnotizando-a. Era como uma lavagem cerebral, instinto de sobrevivência. Havia se machucado e agora fugia loucamente de qualquer proximidade do limite social, com medo de acontecer novamente. Não era do seu feitio. Nunca foi, quiçá se acostumará. Ainda assim, corria. A estrada era íngreme e nada a fazia parar. Sequer olhava para frente, só concentrava tudo em seus passos rápidos. Não pensava, não analisava, não resolvia. Só continuava adiando soluções. Mais rápido, mais rápido, ainda mais. Até quando?

domingo, 1 de dezembro de 2013

Desentoca

Nó desfeito. Hoje seria o último puxar das pontas. Não se sabe no que ia dar, mas dentro dela, algo diz que quer tentar. Arrumou o laço, desamassou a roupa do armário. Era dia. Claro e inevoante. Esfregou os olhos e pode ver pessoas sorrindo e brincando por ali e por aqui. Quis fazer parte disso. A toca já não era mais tão confortante, apesar de segura. Queria sair e conhecer o mundo. Quis voar e em um momento, arqueou as asas e pulou. Seu salto foi desajeitado, no começo, mas ela sabia. Sabia que dali, sairiam longas e valiosas novas viagens em busca da sua essência. Ela acreditava, e assim, se tornava capaz. E foi.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Sentou-se no tempo

Em dado momento de suas vidas, ela sentou e decidiu observar. Esperou o tempo passar como uma mãe esperava o filho nascer. Toda a paciência do mundo a abraçava. Eram um.
Seja por qual for o motivo, começou a chover. Chovia e cessava. Ainda assim, ela nunca tirou a cadeira dali. Estava decidida a ficar.
Ninguém, nem ela mesmo, sabe ao certo qual era o seu objetivo. Mas estar ali por estar por perto já lhe parecia bom. E era só. Sem justificativas, sem objetividade. Afinal, nada na vida lhe parecia assim, tão objetivo.

She

Ela enxergava.
A distância e paredes nunca foram obstáculos.
Ela observava.
Se metia, mesmo sabendo que tudo poderia dar errado.
Ela suspirava.
Via no mundo, o potencial que quase ninguém via.
Ela experimentava.
Tinha o objetivo como meta, só ia quando realmente queria.

E amava.
Como se mais nada existisse, como se sobreviver, conseguisse, depois de tantas quedas.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Dois-dois

Como em uma dança, onde o par era escolhido para sair da sedentária existência; ele a chamou. Pegou pela mão e lhe conduziu a dançar pela vida. Ela não via graça, ele insistia. Ela não se interessava, ele reagia. Contudo, em uma batalha temporal de olhares, eis que o foco muda. Ela, agora, o achava o melhor condutor do seu mundo. Ele jurava não soltar sua mão. O tempo passou. A música chegava às suas últimas notas. Ele, com cuidado, ia alertando que sua partida era imprevista, mas que não a deixaria cair ao fim.
Trocaram valores, olhares e costumes. Aprenderam sobre a vida, sobre as lutas e sobre o existir. E do salão, foram embora. Eram dois desconhecidos, agora, porém, com algo do outro em si. Para sempre.

00:00

Sentia cada grão de areia tocar cada ponto em contato do corpo ao chão. A brisa parecia pentear os cabelos. Mas não era um dia comum. Pensamentos e suposições dançavam em sua mente. Seus dias, há tempos, já não eram vazios de preocupações e por mais que esses passassem e o tempo fizesse o seu sopro atenuar, nada lhe parecia tão morno por muito tempo. Eram ondas de calmaria e partidas; e por outro lado, agitadas tempestades. Contudo surgiam, como em um ímpeto grito da alma, lembrando-o que se enganar e lateralizar o que sentia de nada adiantava. Já havia se passado muito tempo. Muita perda de tempo. Muito vagar sem onde chegar. Já era hora de acordar. Era dia e tudo escapava aos poucos entres os dedos. O relógio marcava 00:00.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sopro

Por baixo do mar, calmaria.
Por consequência da tempestade, o amanhecer.
Limpo e claro. Doce e manso.
Tudo sempre acabam se arrumando.
Aperta daqui, arruma dali.
Sofre daqui, aprende acolá.
Tudo para construir um novo e mais firme sorriso.
Bases sólidas. Reforço estrutural.
Nasce dali, alguém novo.
Cicatriza e te reinventa.
Revive.

sábado, 23 de novembro de 2013

Turista em mim

Deito sobre o chão.
Perdida em pensamentos, pareço flutuar em um submundo. Nele, me vejo de fora. Observo meus medos, minhas paixões. Salto sobre buracos, faces sem feições.

Me desligo do mundo.
Caminho sob o luar, me levo à viagens por sensações construídas em cada divagar.

Pareço turista em meu próprio eu.
Com todas as mudanças, com tantos recomeços que não poderia reconhecer-me a um passo seu.

Acordo e me reavalio, tenho como objetivo diário reparações contínuas. Sou eu hoje, amanhã um eu melhor; e depois um eu que me procure. Mas sempre eu. E sempre em busca. E sempre em frente.

O triste coletor de sorrisos

Conquistava sorrisos por onde passava.
Era querido, sempre tinha algo bom a dizer.
Era ouvido, o que fosse, te ajudava a fazer.
Disposto a dar a mão a quem fosse, era sempre presente.
Todos o admiravam, o queriam bem.
Tratava bem, era educado.
Ouvia boas músicas, indicava às pessoas.
Ainda assim, não era feliz.
Nada do que conquista, na verdade, não condiz.
Era rodeado de pessoas e mesmo assim,
Não deixava ninguém por perto.
Amigo de todos, mas nem todos considerava amigos.
Mantinha limites. Mais distância. Mais paredes.
Procura a felicidade, ainda assim.
Ainda que dessa forma, segue em busca, enfim.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Babel

Foi como estar ali e não existir.
Por dentro, um aperto e daí,
Cada poro da pele se desfez.
Aquaplanei no mar dos pensamentos.
Havia um vórtice de ideias ao meu redor.
Eu era engolida pelas ondas.
Tumulto, objetos que voavam.
Não pareciam buscar um só sentido.
Foi um risco, era preciso correr.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Was

Palavras entorpecentes.
Ciranda de culpas transcendentes.
Sorrisos autoexplicativos.
Eu queria sair por aí e dançar.
Segura a minha mão e me faz segura.
Sim, era verdade. Era cabível.
O tempo estava dormindo.

Sobre o que se encerra

A efemeridade da vida nos ensina diariamente sobre o encerramento de ciclos. As coisas passam. As pessoas, os lugares, os contextos mudam. O que hoje lhe aparece como oportunidade, nunca mais virá visitar-lhe da mesma forma novamente. O fruto, uma vez caído ao chão, não retorna ao caule. O que dali, era uma linda flor; não mais será beijada pelo colibri. A carruagem do tempo passa levando escolhas, situações que mudariam a sua vida. Se passa, nunca mais volta. E se acaba, nunca mais repete.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

The eye

Linha de tráfego intensa de informações. O que não se fala. O que, talvez, não se diz. Leitura de feições. Vejo tantos significados. Gritos loucos do silêncio ético e conveniente. Pensares sem bloqueio. Forma branda do expressar. Líquida verdade derramada no tapete da sala. Transcrição dos medos. Linhas e linhas de inquietudes inexprimíveis. Só o olhar é. Só o olhar te mostra. Só o olhar entrega. Por isso, sou fã de olhares.

domingo, 17 de novembro de 2013

Ha Ha Ha

Gargalhadas. Risos que tiram a capacidade de respirar.
Rostos vermelhos, roxos, azuis!

Paro. Observo.
Fazer parte, fazer companhia nos faz querer viver ainda mais.
Nada é mais aconchegante que um sorriso de boas vindas.
Combustível para os rebolados da vida.
Motivação para ser e estar por outras pessoas.

Porque o que nos faz feliz é fazer alguém ser tão feliz com nossa contribuição.
Porque o que nós faz feliz é ver vida em cada arco facial desses sumidos.
O que nos faz feliz é viver, dando vida.

Passagens

Eu te vi passar. Uma, duas vezes por aqui.
Estava a cantar. Rodopiando no meu jardim.
Eis que meus olhos viam o meio.
E eu, que era torta, me arrumei.
Esperei a hora, pontual, como sempre.
Eram loucos com horário.
Eis que era o tempo.
E fui embora.

Start

São novos dias.
Hoje, o canto do pássaro do meu quintal se faz mais afinado.
A claridade, deixei entrar sem a proteção das cortinas.
Chega de um navegar tão cheio de sombras.
O rumo, hoje, vou tomar.
À frente, em busca do novo, vou continuar.

Um chá de lucidez, por favor.
Não é possível que a vida seja só isso.
Olhei tanto de olhos fechados, que esqueci do outro lado.
Posso rir, posso voar por aí.
Amadureci, mas não morri.
Há vida, existem sonhos por aqui.

sábado, 16 de novembro de 2013

The Moon

Mais uma vez, estou na janela.
A claridade lunar me chamou para fora.
Quis me mostrar sua beleza.
Aceitei, segui. Cá estou a olhá-la.
Posso sentir cada fio de luz a se debruçar sob minha pele.

Velha companheira, essa lua.

Wall

Andei por um caminho em que não havia luz.
Não tinha a mínima idéia de onde me levaria.
Foi como andar de olhos fechados.
Caminhando, segui.
Hoje, senti algo. Uma parede.
É o fim da linha, um beco sem saída.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Humanecendo

Um manto de lucidez me cobre. Me abraço, me aperto junto a ele.
Encolhida no canto do quarto, o tempo passa.
Lá de fora, escuto buzinas, freios e batuques.
Ouço gritos. Esse vêm de dentro de mim.
São as faltas. Elas se calam por tanto tempo que as esqueço.
E de repente, acordam.
A falta de amor, a falta de paciência.
A falta de sinceridade, a falta de verdade.
Tudo falta, nada se soma em meus passos interiores.
Sou a humanidade e não consigo sair do lugar.

Já não era mais

Eu não lembro em que ponto tudo se perdeu.
Era final de um dia estressante.
Recebi uma ligação e me propus a te ouvir e ajudar como podia.
Eu te encontrei, te abracei e fingimos uma intimidade perdida há algum tempo.
Toquei os teus dedos e me lembrava disso.
Senti o seu cheiro e me lembrava disso.
Daí, eu fui embora. Te deixei sem resposta a uma pergunta que não cabia.
O dia continuou, o tempo passou e nada aconteceu.
Mas o que era esperado? O que se espera de cacos ao chão?
Queria ter te dito algo. Queria não ser tão coberta por meu silêncio agora.
Só te peço desculpa. Hoje e em todos os dias que acordo, por não ser mais o que esperava.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sunshine

Ó querido amanhecer, vieste mais uma vez me visitar! Sua presença me induz a crer em novas oportunidades. Ver-te trazendo-me o sol com tanta pontualidade em qualquer circunstância, me faz admirar-te! Queria eu ser tão inabalável. Com os dias, aprendo contigo. Quero ser assim quando crescer. Impossível impedir que eu veja menos brilho nas coisas. Impossível impedir que o tempo adulte-me. Contudo, o teu brilho me faz querer continuar e caminhar junto a ti. Vou aprender, vou te observar e vou ser melhor. Amanhã e sempre.

Invertido

Era uma criança. Os sonhos eram como pipas.
O desenrolar do novelo do barbante que estendia cada um deles era curioso.
Bastava pensar em um objetivo e ele já era completamente maquinado em sua cabeça.
Era feliz em sonhar.
Eis que surgem os problemas e ela cresce.
Idosa-se. Envelha-se. Descolore-se.
Nenhuma das pipas eram mais tão notáveis.
Seus sonhos eram mais próximos da realidade.
Já não voava tão alto e mesmo assim, não chegava a concluir.
As pessoas estavam sempre pulando e quebrando a linha.
As pessoas que amava não estavam onde deveriam.
Não estavam em paz, então ela também não estava.
Ela cresceu e o seu mundo continua de cabeça para baixo.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Nada II

Eu penso demais.
Talvez, afinal, seja esse o meu problema.
Cálculos, metas e planejamentos sem nenhum sentido.
Traço rotas de fuga semanalmente.
Válvulas de escape diárias.
Desenho o que poderia desconstruir.
O que poderia me atingir.
Aponto falhas no plano.
Nunca nada dá certo.
Aí, eu penso em desistir de tudo.
Jogar para o alto!
Mas o quê? Se nada saiu do papel?
Inquietude habitual do que nunca se tem.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ancorar

Um abraço seguro. Um porto final para o meu navegar. Uma boa alma que me reerga.

Com as ondas do tempo, espero vir. Navio sem âncora não tem destino nesse luar. Chega de deitar nessa água salgada e olhar para o sol.

Bonne nuit

Em tempos de turbulência, as tuas palavras se fazem travesseiros da minh'alma.
Tua voz é como o elixir da tranquilidade.
Me dá o presente do descanso com pouco esforço.
O conforto dos seus olhos fazem os meus sentirem falta em breve ausência.
Fecho a cortina. Posso dormir.

Magia

É difícil respirar. Pareço ser cada vez mais comprimida pelas preocupações. Me sinto em uma caixa. Me sinto crescendo em uma pequena caixa. Jogam-me situações das quais não consigo resolver. Quem dera tivesse magia em mãos para arrancar suas dores, mas meus truques não vão tão longe.

No More

Tijolo por tijolo, vou montando o meu castelo.
Cada dia parece exigir um novo sopro de vida,
a cada passo, uma nova batalha.
Parede por parede, vou levantando.
Novas tempestades surgem.
Ventos fortes. Raios.
Vai sempre ser assim.
Contudo, não tenho mais medo.

domingo, 10 de novembro de 2013

Relancer II

Não houve um só dia em que não quisesse sair dali.
Seus sonhos sempre foram maiores que o quarto em que se protegia.
O seu olhar pousava na janela.
Almejava um longo navegar.
Queria conhecer, queria viver.
O vento que beijava seu rosto lhe motivava a ir além.
Os dias lhe sussurravam carinhos para continuar.
Não acabara ali. Estava viva.
Reconstruía-se continuamente.

Water

Amanheço. É um novo dia.
O abrir dos meus olhos me faz renascer.
Estou de pé. Tenho mais um dia para reescolher.
Contudo, sinto-me ilhada no leito do meu rio.
Posso sentir a água passando pelos meus pés.
Posso sentir a vida passar.
Até quando?
Espero um bote, alguém que saiba nadar.
Até quando?

sábado, 9 de novembro de 2013

Não

Os meus dias não correm. Se arrastam.
O meu tempo não voa.
Quiçá, eu saberei, um dia, o que é ter asas.
Sobre a minha pele, uma crosta abstrata se forma.
Armadura invisível. Me protejo.
Regrido, dou um passo p'ra trás.
Não sei andar no escuro.
Sempre tive medo. Encolho-me.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Relancer

O quão alto pode-se voar?
Impulsiono-me a ir mais longe.
Nada terrestre me faz mais admirar.
Perdeu-se a cor e o tom. Perdeu-se a graça.
Quero enxergar além. Descobrir as sombras.
Te abrir sorrisos, abrir os meus.
Olhar com atenção. Viajar pelas janelas da alma.
Alçar voos que me levem aos mais lindos lugares.
Ter asas. Ir embora. Renascer em cada novo passo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Reflexo interior

O quão leve podemos ser?
Eu me olhei no espelho.
Não pareceu literário, uma obra de um grande escritor.
Contudo, me olhei nos olhos.
Profundamente, pude me ver.
Vi que ainda existia brilho.
Significou tantas coisas.
Vi que havia vida.
Vi que haviam quereres.
E sem que percebesse,
Um sorriso meio de canto
Foi amanhecendo em um olhar já cansado.
Sim, ainda era viva. Dali, ainda frutificariam alegrias.

domingo, 3 de novembro de 2013

A life

Era primavera.
Em poucos passos, se fez outono.
Dentro de si, um eco.
Um monte de rei sem trono.

Folhas ao vento formavam notas em um coral.
A canção se fazia ouvir para quem passava.
Caule fixo, era. Hoje distorcido.
Ainda, sem ninguém cantar, dançava.
Nada parecia seguro.
Tudo caia. Tudo se quebrava. E se refazia.
O amanhecer era o sinal de partida.
Tudo mudava e renascia.
Com tudo fora de lugar, vivia.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Eco

Derrama-te, doce anjo.
Derrama-te e te joga no que foste.
Espalha-te, menina.
Sorria. Aproveita-te de ti mesmo.
Te recolhe só para novamente te soltar.
Chega de potes fechados. Urnas. Baús.
Chega de coisas chavenêuticas.
Te destranca, menina.
Te destrava... Liberta-te.
Viva!

Senti

Aquele laço, outrora protetor,
hoje se mostrou.
Eu o senti.
Lembrei que eram o meu refúgio,
meu deitar e descansar.
Meu porto.
Hoje, eu lembrei.
E nem por isso, os retomei.
Âmago paradoxo.
Chuva de meteoros sentimentais sobre mim.
Chuva nostálgica e repulsiva.
Alguém, por favor, me explica.
O que estou fazendo?
O que se tornou o meu viver?
Lembrei o que eu era,
por outro lado, vejo o que me tornei.
Não me acho. Estou perdida.
Perdida...

Não foi dito

Eu poderia ter dito tanta coisa...
Poderia ter dito o que os teus olhos representavam para mim;
Ter dito o quanto aquele abraço me fez bem.
Eu poderia ter te dito o quanto sentia falta desse lado bom,
Ou ter dito o quanto estava feliz pela ironia do destino.
Mas que destino? Não acredito nisso.
Eu estava ali, porque deveria estar.
Para mim, foi cabível.
 Eu poderia ter dito que sua cumplicidade me faz falta;
Contudo, eu não disse.
Não consegui ignorar o que se passou.
Nao consegui abrir mão do meu silêncio e fiquei muda.
Dentro de mim, mil sensações.
 Mil lembranças, um turbilhão.
 E ainda assim, eu não disse.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Janelar

A cortina abriu. Pareceu um convite à vida.
Olhei mais de perto... não.
Olhar a altura daqui de cima
ou a imensidão da paisagem externa, traz medo.
Busco um raio de sol que me atinja daqui.
O horizonte parece desafiador demais
para que saia do meu conforto.
Continuo sentada.
Continuo trancada.
Continuo cheia de nada.

Um pouco de qualquer coisa

Olhar para frente e não ver sentido.
Ainda assim, não parar.
Hoje só desejo um pedaço da força de outrora,
Seguir adiante tendo fé em qualquer coisa e continuar.
Preciso de um novo coração, um novo pulsar.
Esse que abastece minhas veias cicatrizando,
Anda cansado.
Algum motivo, algum abraço.
Qualquer presente despretencioso e solidário para meus passos arredios.
Qualquer sorriso verdadeiro, uma flor.
Um calor. Socorro.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Jangando

Sentada no fundo de uma sombra qualquer.
Sonhando com um fio de luz sequer,
Que nunca alumiou o andar.
Sem ponto, sem porto.
Nem uma jangada. Nem um sonhar.
Que o mar me leve embora,
Para aonde queira ficar outrora,
Sem medo de naufragar.

É-ter-na

Sou o que não se fala,
o que não se diz, o incorrigível.
Sou o que se conserta,
o que se entorta, o que aprende.
Sou quem se importa,
Quem se entrega, quem está presente.
Sou um pouco do inteiro,
partes do quebrado, restos de alguma coisa.

Sou eterna obra inacabada,
Eterna observadora,
Eterna aluna da vida,
Eterna ouvinte.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cortinas

Deitada em minha cama, reflito.
A maciez com que o travesseiro afaga meu cabelo,
me faz lembrar de um tempo bom.
Todo o tempo tem algo bom.
Penso que todo poeta tem sua inspiração.
Muitas vezes em sombras, outras tantas escuridão.
Lágrimas.
Quero ver na minha, a vida.
Cultivo o brotar de cada dia em sua beleza.
Da minha janela, os raios invadem pelo vidro.
Estava confortável. Penumbras me protegiam.
Hoje senti que quero mais. Mais que tudo isso.
Abri as cortinas.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Isso

Cansaço. Sabes a causa?
Preocupações. Tentativas de ter um controle.
A vida está sempre derramando-te para o lado que deve ir.
Descontrole-se! As coisas acontecem.
Mãos atadas diante do porvir.
Então de que adianta isso tudo?
Aprumo as asas novamente. As refaço.
Quero voo brando.
As coisas virão, se preciso for.
Se mostrarão. Quero-me leve.
Quero me dança. Canto.
Quero-me vento, brisa.
Olho o horizonte, nem tão claro,
e surpreendo-me bem com o que não se espera.
Se for, é. Será.
Então findo.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Consueto

Embreaga-se com sensações de um presente que não pode tocar.
Afoga-se em emoções turvas e sem nexo que se fazem e desfazem em um instante.
Cascata de sabores construídos em um simples existir que nem todos veem.
Corre e se esconde. Monta paredes. Quase ninguém a enxerga.
Uma caixa enfeitada com sonhos e malevolências eventuais de si.
Procrastinações sentimentais habituais. Nada acontece realmente.
Ouve e não fala. Não se expressa, não grita.
Escreve.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Horizontear

Os verdes campos continuam ali.
Da minha janela, me apontam a direção.
Consigo ver que pode ser real.
Do que adianta ter uma vida banal?
Da varanda em frente, um precipício.
Sem pontes, só muros.
Logo, lembro das asas que um dia almejei.
Posso sentir o vento daquele horizonte
Leve acariciar na fronte.
É possível, algo me diz.
Só não sei quando, presumo.

Não sei

Não sou a melhor companhia agora.
É rotina, estou sempre indo embora.
Me desculpe, queria ficar um pouco mais.
Infelizmente, a vida anda fugaz.

Contudo, queria te segurar o queixo,
te deixar o beijo;
e dizer que és...
Alguém importante
pro meu coração inconstante,
que vive nessa solitude viajante
dos dias em quando.

Me desculpe, é chegada a hora
e eu vou embora.
Espero ficar guardada na lembrança,
como a eterna criança,
que me fizeste voltar a ser.
Que a nossa porta esteja aberta
quando a ideia for certa
do que se quer.

domingo, 20 de outubro de 2013

Feito

As pessoas não brilham mais.
Não existe cor, não há sentido.
Deveres cumpridos resumem suas vidas.
Tento correr e não me infectar.
Estou tão cansada.
Confortável seria se me rendesse.
Me juntasse aos pequenos robôs
E cumprisse só metas.
Sentir não é importante.
Feito.
Não aguento mais essa busca de contrário.
O soldado está ferido.
Nunca esteve pronto.
Batalha inútil.

Fugir

Não quero mais estar aqui.
É tudo tão pouco e vazio.
É tudo tão nada.
Esse mundo é para quem tem sonhos pequenos.
Quero minhas asas de volta e ir para longe.
Longe daqui, longe de tudo.
Onde cicatrizes não sejam expostas,
Quebrando espelhos e rasgando lençóis.
Não quero mais.
Quero voar. Tirar os pés da realidade.
Há algum pedaço vivo aqui dentro?

Estrada

Ando começando a me sentir
Estranhamente confortável com minha solitude.
A viagem continua.
Minha trilha se dissipou na chuva.
Seguimos eu e minha caixa vazia.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Colorful jelly

Não sei você, mas eu sou submersa em pequenas realidades.
Construída por momentos.
Um fato, um laço, um abrigo se desenvolve.
Daí, pequenos ramos de vida crescem...
E chove. Chove tanto que nem em ponta de pé, alcanço.
Submerjo. Afogo-me.
Sinto meu pulmão encher-se de novos fatos.
Aos poucos, estou no fundo.
Nem percebo e afundei.
Se o caso for de ir a outro lugar,
tão longe fica sendo a superfície.
E ao final do desafogo, mergulho em outra lagoa.
Posso boiar, posso nadar...
O sol parece me fazer convites diários.
E então, puxo-me para dentro novamente e cada vez mais.
Nem sempre é uma boa ideia.
Contudo é o que acontece.
Dentro de uma gelatina colorida,
pairando sobre todos os acontecimentos.
Os refletindo. Relendo personagens.
Sempre uma receita contínua de uma boa sobremesa.

Dream

Estive fora por tanto tempo.
Estive voando por ai sem saber para onde.
Estive tão sem mim. Tão sem nada.
Estive como nunca deveria ter estado.
De onde nunca deveria ter saído,
para onde nunca deveria ter chegado.
Estive longe.
Estive embora.
Estive lá e nunca mais, aqui.

E ainda estou.
Mas vou voltar.
Um dia.

Um pouco menos

O dia estava pela metade e nós também.
A caminhada continuaria árdua.
Não conheço o ponto de apoio.
Apenas sigo em frente sem olhar claramente.
A luz do dia me cega, me dói.
Não me esforço, então, para enxergar.
Olhos entreabertos bastam.
Instantes que afagam,
outros afastam.
E tudo se segue assim.
Conformo-me na falta de conforto.
E quando, enfim, chegar ao meu eu,
quero ainda estar aqui e poder te abraçar.
Por entender o que não se explica,
por criarmos em cativeiro, uma paciência sem escrúpulos
por causa da minha falta de ser,
obrigada.

Um e então outro

Um passo e depois outro.
Uma decisão e então, outra.
Um dia após o outro.
Assim, reaprendendo a viver.
Assim, reaprendendo a caminhar.

Como um bebê que sente suas pernas.
Tão pequenas e frágeis.
Uma vez firmes, outra vez tão bambas que tombam.
Por ora, o medo de cair,
em outra, o contentamento por conseguir ficar em pé.

Um passo e depois, outro.

Ainda flores

Tantas semelhanças. Singularidades comuns a nós.
Tudo faz parte do deslumbrar-me.
Tudo se encaixa e me reflete.
Características raras, encontrei.
Ainda assim, compreendo que isso mesmo nos deixa solitários.
Sentidos instáveis de uma interpretação confusa. Sempre.
O caminho trilhado sozinho é o que nos rotina.
Habituados, somos assim.
E caminhamos e seguimos assim.
Até por onde ainda for.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Red point

Eu fiz brotar um sorriso.
O arco real que fui para buscar, consegui.
De mim, caiam pedaços.
Pelo caminho, se arrastavam esperanças de bem.
Ainda assim, semeei e vi brotar aquela curva.
Me mostrei que ainda fertilizo.
Aquela minha parte ainda sabe arar.
Não morreu. Não foi embora.
Está aqui. Às vezes a esqueço.
Outras vezes, a escondo.
Contudo, ela está aqui.
Ainda posso.
Foi lindo lembrar. :o)

domingo, 13 de outubro de 2013

My bed, my home

Dormir é sempre mais dulcificante.
Ama a noite pela possibilidade de desligamento.
Não precisa pensar mais.
Não precisa viver coisas com sentido.
Não existem problemas, se não quiser.
Dono da sua realidade.
É tão mais fácil.

sábado, 12 de outubro de 2013

Interroga

Não sei bem o que queres.
Não sou boa em interpretações.
Não sou boa.
Em definitivo, não te ouço.
Não te vejo.
O rumo, não sei tomar.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Meilleure Partie

O meu prosseguir é tendencioso.
Dê-me motivos e estarei,
sempre que puder,
no meu melhor modo.

Turvo vôo II

Pouco a pouco, me reergo.
A escuridão tem me feito medo.
Quero voar. Sair daqui.
As sombras me cansaram.
Um dia, ia acontecer.
Da minha janela, minha curiosidade ressurge.
Mas não de uma vez. Não despenhando.
Pássaro que não sabe voar, não deve no abismo se jogar.

Tropeços

Ando tão tropeçante...
Ando tão, de mim, distante.
O chão que passeia sob meus pés anda sem rumo.
Ando tão sem objetivo....
Ando tão só. Fora do prumo.
As imagens passam por mim e não deixam nada.
Tentativas de marcas impenetráveis, por agora.
Fora de foco, preciso de um guia.
Vejo uma luz, meio sem nitidez, por ora.
Aguço os olhos. Espero chegar mais perto.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Precípite

Corro. Eu fujo pro mais alto monte.
Corro. Não olho mais para trás.

Corro e não quero mais viver de lembranças.
Quero viver de vida. Quero uma nova dança.
Corro e desenfreadamente, busco o meu porvir.
Não quero mais preterizar.
Quero sair daqui e poder voar.
Para longe.
Quiçá, estender uma ponte,
para todo lugar que ainda chegar.

Minha valsa

Eu não vejo mais.
Aguço os sentidos. Sinto.
Quase sempre, canso.
Eu não quero mais.
Pauso, acelero. Ouço.
Nem sempre, sigo.
Eu não toco mais.
Inerto-me, pauso-me.
Nem sempre dá certo.

Like this

Existem panelas sem tampas.
Existem frigideiras.
Não deixam de ser úteis por isso.
Ainda assim, quando precisam de algo que a cubram,
recebem perfeitamente bem outras tampas.
Tampas sozinhas, sem mais panelas.
Daí, conseguem continuar sua tarefa.
Daí, sobrevivem.
É assim.

About life

Passamos tanto tempo em busca de algo;
Tanto tempo em razão de alguém futuro.
Passamos tanto tempo quase chegando em algum lugar,
Tanto tempo esperando a solução chegar...
Tanto tempo em lamentos,
Tanto tempo em sombras...
Que acabamos sempre esperando.
A vida é uma eterna espera.
Não adianta estacionar por um motivo ou outro.
Aproveite que um objetivo não chegou
e finalmente aproveite algum que está ao seu lado.
Aproveite alguém's que estiverem por perto.
Aproveite a atenção que te dão.
Aproveite a pequena felicidade de qualquer momento.
Se aproveite. Viva!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Bussolando

Perdi as pretensões. Perdi as paixões.
Perdi o foco e a vontade de correr.
Perdi a graça.
Hoje, vivo em busca das características minhas.
Enterraram-nas.
Procuro a sepultura. Procuro a lápide.
Há dias em que chego bem perto,
outros que corro para longe.
Dessas sombras tão buscadas,
quase sempre tenho me escondido.
Contradição bussolar.

Voir

Nunca estamos prontos.
Ouvi um dia, alguém dizer.
E quer saber?
Afinal, alguém aí sabe a hora certa?
De tanto esperar, perdemos a hora.
Perdemos o rumo, o ritmo.
De tanto esperar, perdemos a vaga.
Perdemos o carinho, perdemos o chão.
De tanto esperar, não vi que sentido tomar.
Relógios pela janela, pelos abismos, pelo caminho.
Paredes coloridas com quadros, enfeitadas com tudo o que sonho.
É assim que vai ser agora.
Sem ponteiros, sem algarismos.
De olhos fechados.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sobre exteriorizar

Em outro mundo, a minha realidade fica esquecida.
Parece que nunca estive onde deixei, mais cedo, a minha vida.
O foco é outro. As expressões, outras.
Quase posso abraçar o silêncio.
Ao falar como ninguém mais fala, um outro mundo.
Os meus gestos já dizem mais coisas.
Tantas palavras já não dizem nada.
O olhar grita. As emoções quase podem ser tocadas.
Concretizações do ar. Atenções apuradas.
Vida inteligente em outro sentido. Mais inteligente.
Aprendo mais. Aprendo a ser. Aprendo a aprender.
Presto atenção. Te leio.

Enfrente

Eu não sei bem o que estou fazendo.
Quiçá, saberia se bem quisesse.
Caminho em curtos passos cheio de curvas sem um mapa.
Não tenho indicação, nem destino.
Se tivesse, talvez, seria em frente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

See

Há pedaços que tem um rejunte especial.
É fácil montar, se quiser.
Manual ou qualquer indicação inexistem.
São acoplados na mente.
Se tentas, descobres a melhor maneira.
Podes colar e descobrir uma personificação ainda mais bonita.
Podes colar e acabar deixando túrbido.
Com as instruções, te deixo soberano.
Construa o seu quebra-cabeças.
Circunde o resultado dos seus passos sobre os pedaços.
Reafirme, remonte. Reposicione. Revigore.
Observo.

Amor

Acredito na construção das coisas mais lindas, calmamente.
Acredito que o tempo possa ser diretamente ligado à bases sólidas, fortes.
Nem poesia, nem conto. Hoje lembrei-me de como o mundo pode ser lindo.
Olhos amargurados e tristes. Desconfiados, até, me fizeram obscurecer tudo.
A vida, passou a ser sépia. Marrom, eu diria.
Contudo, não uma pessoa ou um relato passado por mim;
mas fragmentos de vidas ao meu redor me fizeram reenxergar.
Pode-se ser uma bela canção, pode-se ser realmente uma boa ocupação.
Com amor, pleno será.
Pode-se ser um bom passeio, um bom texto, um bom jantar.
Com amor, completo será.
Meus passos sinceros, arrastados em busca do meu eu, fizeram lembrar-me.
Foi uma boa lembrança.

Eu

Não entendo o porquê de continuar,
Com esse meu fardo sempre aumentar.
O meu eu escondeu-se em um reino longínquo.
Quero-o de volta.
Minha natureza medrosa, ainda assim,
sempre foi arborizada.
Quero bolhas, quero cores.
Daqui para frente é assim.
Decisão. Arrisco-me.
Morro à deriva presa ao que me resta,
ou de fato, tentando ainda achar-me mais uma vez.

Ribeiras

Debaixo de tanta terra não sei bem o que encontrar.
Busco, entretanto, algum resquício de vida, achar.
Do jeito que está, não vinga.
Árvore sem fruto não serve de nada.
Meus galhos são de amor e isso que quero cultivar.
Não importa a situação ou lugar.
Quero estar comigo mesmo novamente.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Folhas dançantes

O que se esperar quando tudo é um monte vapor?
Assobios, folhas ao chão.
Destino impalpável e incerto. Como se diria surpreso?
Tudo é surpresa.
Por dias positivos, terão enfim, negativos.
Um corpo feito de sombras costuradas não pode formar ideias.
Nem se formam ainda os próprios pedaços completos.
Se arrasta a cada novidade como se fosse a primeira.
E se muda a direção, muda com ela.
Força imensurável ao puxar as correntes das rodas.
Cansaço. Enfraquecido punho.

Fragile

É uma obra de arte, um emblema.
É uma escultura.
Circundada de todo o cuidado que se pode ter.
Por todos.
É frágil, quebravel e intocável.
Toda a preocupação no toque, faz com que esteja sempre só.
Até o vento é afastado.
Imaculada imagem. Tão boa que chega a ser impossível.
Ninguém quer se testar a ser bom o suficiente para estar ali.
Ninguém quer se aproximar e tentar dar um passo em frente.
Ninguém acha que seu melhor é o melhor.
Assim, fica só. Sempre enfim, sozinha.
À sombra de sua delicadeza e "perfeição".
À sombra de achismos e inquietudes.
Mal sabem o quanto aguenta.
Mal sabem o quanto quer uma mão estendida.
Todos admiram e isso é tudo. De longe.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Hands up!

Divagações de uma loucura incessante!
Gritos de um sono delirante.
Nada se encaixa, pedaços de realidade que não se cruzam.
A mente por vezes, mente.
Não consegue construir idéias que façam qualquer sentido.
Pensamento que corre livremente e solto sem rumo.
Um relato, um livro, uma história inexistem.
Mãos ao alto, roubo sua consciência.

Hat

Explosivamente gritante!
Nada exatamente constante!
Só a vontade momentânea de se dissipar!
Correndo para um lado, encontros.
Retrocede e acha cada vez mais pedaços.
Quebra-cabeças de cabeça para baixo.
Torre de base atmosférica.
Fora do ritmo, sem tom.
Sem saída, sem lógica.
Apenas o zumbido ao longe.
A dor rasgando cada nota musical.
Mais alto e cada vez mais longe, alcança.
Vulto cosmopolizado dessa dança.
Sem tirar nem desgastar o chapéu.

Path of nowhere

Arco levemente suspenso.
Aura envolta numa brancura que vai e vem.
Passos que traçam um caminho incerto.
A tempestade faz com que não se saiba nada certamente.
Ceguidão parcial.
Não existe importância em nada.
Não existe o expectar.
Só se espera sentado.
Sua vez, agora a minha.
E está tudo bem assim.

Sinais

Descentralizações. Desmistificações.
O caminho é cheio curvas.
Avanço-te ou anulo-me.
Vórtices e crateras essencialmente sobrepostas.
Saída suposta, idéias propostas.
Para que não me perca fora da realidade.
Induzo-me a cobrir-me de alguma coisa.
Lençol movediço.
Calmamente invasivo.
Sinto o pulsar das artérias.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Wish

Como se sentenciada, eu me arrasto.
Fadada ao que nunca se sabe.
Ao que nunca existe. Não me cabe.
Quero sentir a liberdade da paz.
Quero o lado de fora da minha bolha de preocupações.
Quero antiânsias. Antitristezas. Antidepressivos naturais.
Quero leveza. Quero beleza.
Disso, que vou em busca. Tirando o sangue ou não.
Tentarei. Seguirei. Buscarei.

Run

Mais parece uma bomba relógio.
Por melhor que esteja, espera-se sempre atrás da porta.
Entreaberta, à espera de qualquer estouro, de qualquer zumbido estranho.
É feliz por cinco minutos e lembra do tamanho da queda que pode ser.
Dá um passo e para. Mais um passo e para. Pensa. Fica.
Pegando atalhos nas sombras de qualquer ponto seguro, pula.
Espera, esperança, expecta. Nada de sentido, nada de valor.
E mesmo assim, traça-se sua rota, sempre olhando para as saídas de emergência.

domingo, 29 de setembro de 2013

Tijolos

Construção.
Possibilidades.
Medo.
Te abraço.
Te solto.
Te sinto.
Te afasto.
Te puxo.
Te levo.

Fear

De um lado, parede.
De outro, mais paredes.
Os tijolos desse monstro ainda não se desfizeram.
Corda bamba.
Tudo parece ter a incrível capacidade de cair.
Sopro de vento forte.
As folhas balançam.
A altura parece aumentar.
Ainda assim, pé após outro ponho.
Desnuda, despida. Desarmada.
Pé após outro lentamente.
Um, dois...

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Velejo

Quis viver.
Fez-se barco e então, partiu.
As ondas lhe pareciam desafiadoras.
A sede de vida fora maior que o medo. (às vezes.)
Na bagagem, palavras aveludadas e uma coleção de delicadezas.
Ao norte, o cheiro do futuro lhe parecia atraente.
Refletia a todo instante. Em cacos, iria?
Resultado da eterna falta de qualquer coisa.
Sem saber a que rumo ir, foi.
Sem cobranças, sem planejamento.
Sentiu a água em seus pés.
Navegou de olhos fechados.

Busca

Busca do que rimar, do que fazer sentido.
Me exteriorizo em palavras a todo momento.
Qualquer coisa que diga alguma coisa.
Tento por no papel o que, talvez, me faça entender
o meu andar, a minha busca, o meu estender.
Ou, na verdade, o que sou.
Divago, buscando a mim mesmo todos os dias.
Cruel sentença. Solitária.
Junto pedaços, tento manter-me de pé.
Preciso de força, algum lugar que venda ou empreste.
Pago com juros em suaves prestações.
Construir na caminhada, pretensas emoções.
Pode dar certo.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Conteúdo

Reinventar-me.
Após tantos desvios e abismos,
descobrir o que, afinal, me tornei.
Reconstruir-me.
Ver-me sob as armaduras.
Despir-me e assim, achar-me.
Nostálgica essência.
Em busca do que sou e do que ainda posso ser.
Permito-me.

Primavera

Tão mulher, tanta responsabilidade acumulada.
Tão menina indefesa.
Insiste em navegar em águas estranhas, nada.
Buscando um porto que não negue abrigo.
Esperançosas pretensões de um dia achar,
um cais, uma praia, uma praça, um lugar,
que te dê verdadeira morada.
Oh, inverno tempestuoso que a deixaste,
leve contigo as brumas que um dia a maltrataram.
Chega de preterizar pensamentos. É hora do que a surpreenda.

Tempestade

Amálgama de sensações. Emoções, sinestesia.
O chão abaixo de meus pés continua movediço.
Pusilanimidade que me persegue.
Se arrasta como se fosse um membro do meu corpo.
Preciso levantar voo. O céu continua estrelado.
Divago em círculos pelos cantos da vida.
Pondero sobre o que pode se repetir.
Preocupo-me com os pedaços desse coração recém colado.
Nem tão inteiro, ele continua.
Tomo todo o vidro de coragem e sigo.
Tentando sorrir com verdadeiro sentido novamente.
Fecho os olhos.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Disparate de ser

Poço de retribuição.
Te banho de carinho, se delicado fores. Flores.
Te cubro de gentilezas, se assim me tratares. Pares.
Um pote de fofuras. Uma eterna doadora de ser.
Se mereceres, completude.
Contudo, não te enganes.
Voo livre. Horizonte.
Penas rasantes por perto ou um pontinho tão longe.
Disparate comportamental.
Me mantenha perto.
Bicho solto. Monstro assustado facilmente.
Valha a pena e sempre o terás.

domingo, 22 de setembro de 2013

Onde?

Anseio por teus cabelos entre meus dedos.
Oh, futuro amor, apareça.
Energizo-me todos os dias para te receber.
Em eterna reconstrução, sinto que sigo.
Nunca sei quando, na verdade, estou pronta.
Contudo, tua companhia, me renovaria.
Andar sem um fim, inefável trilha.
Macambúzio andar.
Quero ver tua fronte e manter o foco.
Quero motivar-me a melhorar.
Dar carinho, transbordar-me.
Sempre que sinto-o perto,
em tão seguinte instante afoga-te.
Desaparece em tão escura sombra,
que nem com holofotes gigantes, te acharia.
Mergulho em meu repouso.

Cacos

Fatos que somam.
Rubra fronte, a que te recebe.
Monstro de delicadezas que morre de fome.
Velhos hábitos ausentes.
Nada se parece com o que um dia foi.
Nostalgia. Despedaça-se a obra.
Pouco a pouco... até, talvez, um dia ser nada.
E fim.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Foi

Olhar pra trás ainda me embreaga.
Medo do escuro por detrás daquela porta.
Névoa que não dissipa. Nada é insubstituível.
A velocidade é rápida e contínua.
Não há tempo para suspiros cansados.
Cicatrização andante. Nada de repouso.
O tempo passa e quem fica, o perde.
Passos rápidos e desatentos.
Habituais continuações. Piloto automático.
Tropeços inclusos. Fique de pé.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Why?

Vidas desbotadas, famílias largadas.
Andares sem rumo.
Sorrisos emplastificados.
Quanto mais corre, mais se sente perto.
Realidade sem brilho, fornos sem sequilho.
Sociedade sem ânimo.
As virtudes se perderam pelo caminho.
Simpatia exagerada. Forçada.
Abraços sem aperto, corações sem conserto.
Pares por conveniência, é tudo pela ciência.
Nada se entende. Não existe conversa.
Persistir, continuar é cafona.
Normal é partir.
Hoje, sempre partir.

Engatinhando

Chutando pedras, juntando seus restos, segue.
Por fora, sorrisos que mais parecem manchetes.
Vitrines de qualquer coisa que possa ser apreciado.
Beleza sem sentido. Arcos alvacentos que nada dizem.
Foco no futuro, como se estivessem prendido a direção do olhar.
Eterna luta, essa de não voltar o olhar pro que passou.
Afinal, de que adiantaria?
O horizonte é o que me levará a algum lugar.
Preciso sair daqui. Preciso reaprender a andar.

Vai

A corda é bamba. Equilíbrio incerto.
Embora feche os olhos, a instabilidade persevera.
Perigo constante. Ininterrupto.
Sinto os fios oscilando sob meus pés e continuo.
Por medo, abro os olhos. Piora.
É fácil dar força a quem vai.
Difícil é acreditar no que se diz.

Pressa que passa

Mais uma vez, vejo o trem se desgovernar.
Mais uma vez, o vagão se solta.
Atropelando quem mais estiver pelo caminho.
Parar jamais. Sempre assim.
Sem chance de tolerância de atraso.
Sem chance de qualquer recuperação.
Na pressa, passa e quem não acompanhar, fica.
Os dias só se arrastam na cabeça de alguns.
A realidade é dura e não te espera.
Concreto sem conserto.
Parede sem fim.
Vida que segue e sempre, enfim.

Do tempo

Passagem de estações, é um novo tempo.
Novas flores dão lugar às velhas folhas mortas.
Chegou o tempo em que o silêncio, traduzido por tua dor, findará.
Novos ciclos te afagam. Abra os olhos. Enxergue.
Há uma fila de cores esperando em tua porta.
A porta da vida. Do teu ressurgir.
Há uma fila de olhos com saudade do teu sorriso.
Aquele mesmo que anda escondido.
A escuridão está atrasada. Passou da sua hora.
Vejo-a escorrer pela janela a fora.
Paredes já não são necessárias. Braços tomam seus lugares.
Deixe-o abraçar. Sinta mais de perto.
'Relaxe.' Feche os olhos agora. Está seguro.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Adiante

Olhos fechados por uma estrada cheia de curvas.
Sinto o carinho do vento pelo corpo.
Os dias têm sido coloridos por uma névoa turva.
Ainda assim, avanço.
Por vezes, nem sei onde estou.
Seguindo, não sei para onde vou.
Ainda assim, avanço.
Por uma planície, por uma montanha,
por um penhasco, por um desfiladeiro.
Por qualquer lugar, qualquer caminho que, um dia, me tire daqui.

Todo após

Holofotes acesos.
Contra o tempo, devaneios vem e vão embora.
Possibilidade de uma nova vereda surge.
Surgem, em conjunto, paredes de concreto a cada excerto.
Durmo. Acordo com a sensação de estar perdida.
O que faço aqui? Para onde, na verdade, estou me levando?
Passos cegos de uma vida solta sem muitos laços.
Não por escolha, mas pelo acaso.
Continuando assim, sempre fora de mim.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Alertas

Brechas se abrem, portas se escancaram.
Luzes acendem e piscam.
Ruídos somem, ficam.
Emaranhado colorido de focos.
Vitrine, todos percebem.
Todos leem, todos veem.
Ainda assim, por mais que te seja jogado em frente
e não quiseres ver, nada fará sentido.

domingo, 15 de setembro de 2013

Pesado pensar

Falta um braço, um pé.
Falta um olho, um nariz.
Falta algo.
Simetria que nada demonstra.
Simetria sem nexo e ligações.
Pensar pesado e arrastado.
Deitou, dormiu.
Sonhou com o dia que acordaria.
Quando abriria os olhos, finalmente.
E viveria.

sábado, 14 de setembro de 2013

Détails

Olhei em cada canto daquele lugar.
Nada havia.
Observei teu voo livre, pequeno pássaro.
Esperei ver teu horizonte,
acompanhar o teu caminho.
Mas esperando, vi que ia para longe.
E de repente, não teve volta.
O teu voo me fez querer voar.
Inspiração paradoxa.
Rasante, suas penas beijaram meus cabelos.
Sentir o leve sussurro, foi fácil à minha atenção.
Zona de impacto, faixa de gaza.
Turbilhão de desistências.

Ver-te vendo

Sangue.
Meus pés poderiam dissertar um livro.
Piso em cacos. Partes de mim.
Desfigurando-me, parto.
A vitrine é impecável.
Ousadamente vendável.
A voz seca discursa.
Há quem acredite.

These days

Há dias em que o sapato aperta;
em que a cama é desconfortável.
Há dias em que você não está onde deveria.
Há dias que você não acorda sorrindo;
que chega atrasada,
em que você não quer conversa.
Em muitos desses, algo pode mudar tudo.
E ainda assim, não muda.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Occasion

Existem oportunidades que vem em repouso,
no bico de um passarinho ao pousar em sua janela.
Existem oportunidades, que como viagem marcada,
sabemos a hora e o lugar por onde passam.
Cabe a nós somente nos prepararmos para recebê-las.
E existem as oportunidades que você mesmo conquista.
Um alvo, uma meta, um objetivo.
Seja qual for a sua próxima, viva-a!
Raramente as terá de volta em mesmo estado.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sobre transição

Nada tem me impedido de seguir.
O que for para ser, será. Já diziam todos os outros poetas.
Não poderiam milhares de opiniões estarem assim tão erradas.
Como numa sala de espera, fico.
Um dia.
Em passos lentos, persevero.
Um dia...

Sobre seres

Tuas camadas, com o tempo, fizeram mudar a direção de tudo.
Era fácil admirar-te pela incógnita do que poderia surgir.
Todas as características pulsavam aos meus olhos como se não pudessem passar despercebidas.
Do alto, a pequena bolinha despencou.
Tomando proporções inesperadas, ela vem seguindo.
Sobre o destino, turvam-se as ideias cada dia mais.
Nada mais é claro.

Velhos hábitos

Com o tempo, acostumei-me a estar sozinha.
Pela infância, pelos recomeços, pelo espaço.
É mal de poeta buscar a solidão, mesmo quando não a quer.
Faz parte da beleza de escrever, ter uma parte à sombra de qualquer coisa.
Acostumar-se e ainda assim, almejar abrigo.
Acostumar-se e ainda assim, querer companhia.
Acostumar-se e ainda assim, sentir falta.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Mantendo o voo.

Continuarei voando.
Redescobrindo-me, vi que minhas pequenas asas
ainda podem me levar à lugares tranquilos.
Vejo-as sempre tentando levantar voo logo após ter caído.
Sigo observando seus frágeis movimentos iniciais.
Vejo-as com a ponta de esperança que sempre fica para regenerar o todo.
De novo e mais uma vez.
Sinto-as podendo abraçar e ainda dar carinho.
Sim, ainda é possível.
Sinto-as querendo voltar à vida.
Sede de mudanças. Respiração suave.
Um passo de cada vez até não mais sentir meus pés no chão.
Novamente no ar. Novamente buscando o equilíbrio.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ondas

Ondas.
Ondas que vem e me levam, ondas que me trazem.
Ondas que transbordam, ondas que inexistem, secam.
Ondas que me acalmam.
O mar tem certo ar de conforto.
Dão a sensação de eterna passagem.
Eterno movimento.
"A vida continua." Elas me dizem.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

To be

Envelheci.
Em cinco anos, tantos mais parecem ter chegado.
As rugas e marcas que me visitariam mais tarde, já se instalaram.
Lotam-me pensamentos e preocupações.
Responsabilidades e comportamento mais sério já forçadamente aprendidos.
Meu acordar hoje, é pesado. Queria ter asas ou me fazer flutuar por um tempo.
Poetisa, sigo arrastando meu eu em palavras.
O que queria, o que é.
O que me dói, o que me assombra.
Em sombras, vivo querendo fugir.
Minha realidade tem me deixado em nervos.
Ando sempre à flor da pele.

Ailes

Sonhei que tinha asas.
Me senti leve, era livre.
Planei, submergi.
Sonhei que poderia ir em todos os lugares.
As ruas não eram problemas.
As pessoas, formiguinhas.
Fecho os olhos.
Posso sentir o vento que me conduz.
Sopra baixinho, é preciso atenção.
Detalhes que acalentam.

domingo, 1 de setembro de 2013

Luz

A chuva bate na janela levando toda a poeira.
Tempo fisicamente demonstrado.
Calos, rugas, dobradiças envelhecidas.
Rangidos, cacos.
Fim da linha.
Eu não sei em que rua vim parar.
Sei que há uma luz em algum lugar.
É para lá que eu vou.
Para lá seguirei. Sempre.
Até chegar, um dia, onde espero descansar.

Tic tac

Feliz, quem crê que o rio pode mudar de rumo em algum afluente.
Prossigo. Espero a minha vertente.
Sou menina. Sou pequena diante da imensidão que nos abraça.
Sonhos que fazem os dias mais confortáveis.
Correnteza que nos arrasta. Nos obriga a seguir adiante.
Como o sol, um dia terei o meu nascer, radiante.
Tempo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Coexistência habitual

Neblina se derramando pela janela.
Pelo chão, as marcas do que outrora era e se tornou.
Papéis espalhados. Amassados.
Incrível transitoriedade do ser humano.
Mexer em cartas ou em qualquer registro de conversas de algum tempo remoto
são sinônimos de uma viagem no tempo.
Quiçá, outro mundo.
Metamorfoseando, todos seguem por seleção natural.
Bicho homem, instintivo.
Tem o poder de acabar o que é bom por nenhum motivo.
Tem o poder de acabar com os próprios sonhos.
Produzindo monstros em escarceis dramáticos de um imenso vazio.
Fecham-se as cortinas.
Constantes caçadores do que preencha,
constantemente achando e jogando fora.
Tesouros ignorados, oportunidades chutadas pelo vão da porta.
Assim seguimos. Rotineiramente se habituando.
Coexistindo e nem sempre para frente, andando.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

I wish

Um dia achei que fossemos o melhor de nós.
Achei que cresceríamos e construiríamos nosso castelo.
Eis que certa vez, me calou.
O nosso sino do meio dia soou.
Era o fim do prazo. O fim da linha.
Meus sonhos há muito se arrastavam ao chão.
Já não existiam mais nuvens para flutuarmos.
Era tudo neblina.
A rotina foi arrancando nossos pedaços.
Se desfaziam os laços.
Deterioraram.
Triste fim sucedido a um sonho tão bom.
Hoje, cicatrizada, procuro paz.
Um amor amigo, companhia verdadeira.
Que valha a pena ser tirada da minha confortável zona.
Não quero mais tanta parede, tanta proteção.
Um dia, alguém que possa me conhecer.
E que queira ficar mesmo assim.
Um dia, um sonho.
Acordo.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Superfície

Nem consegui formar palavras ultimamente.
Não me deixo mais submergir nesse mar de correnteza de fim, o fundo.
Não mergulho mais. Não sabendo voar, posso nadar.
Sair daqui, voar de certa forma. Continuar. Viver.
Fugir. Ir à superfície. Respirar.

Não vejo

Desculpa, amor, se hoje não te vejo.
As avenidas por onde passo andam turvas.
Perdoe, amor, se não te ouço.
Ensurdeci-me, esfriei-me.
Desculpa, amor, se não te chamo.
Deitada estou e permaneço aqui há tanto tempo...
O teto parece me hipnotizar.
De vez em quando, vejo letras curvarem-se ao redor do lustre.
Vejo cores desfalecidas pelo tempo.
Vejo sombras, nada da minha peça.

Levanto.

A pior forma de continuar seria me deixando ser levada.
A correnteza do rio da vida tem sempre o mesmo sentido.
Não mais poderia simplesmente passivar.
Tenho um viver, uma rotina, que por mais flor com espinhos, tem a sua beleza.
Pétalas de encher os olhos.
Costumo dizer que tristeza é questão de foco.
Quero olhar para frente. Tomar as rédeas no meu cavalo pomposo.
A sua marcha, pode sim, ser leve. Eu decido.
Levanto. De agora em diante, será assim.
Tendo o meu sentido, caminhando para o futuro.
Hoje, a passos lentos, um dia talvez, a passos mais alegres.
Mas sempre em frente. Enfrente.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Mais e más notícias

Genealogicamente sangue do meu sangue.
Galho por galho meu, nutrido por tuas fontes.
Distância por distância física, nada de mudança.
Lágrimas aos montes.
Rios vermelhos sem desaguadouro.
Infindo leito.
Preocupada, procuro um jeito.
Chego em casa e já não deito.
Se deteriora.
Sempre em cacos, permanece. Chora.
Sem previsão de resolução.
Continuo aos estorvos.
Aos pedaços, vejo se arrastar.
Se desespera, grita, sem ter pra onde voltar.
Ouço as correntes ao chão. Arrastam-se sem rumo, sem fim.
Aflição.
Já não vejo saída.
Não é mais vida.

O quê.

Será um tapete camuflando buracos?
Uma chave sem porta, rua sem saída.
Será utopia distante, será sonho sonhado sozinho?
Será meu castelo, será minha busca?
A peça que falta.
Falsas verdades, desconhecidas respostas.
Um prato raso da sopa preferida,
um conta gotas de bons momentos?
O que será? O que é real?

O meu castelo

Há dias em que minha confortável paciência me tapeia.
Há dias em que todo o meu comprometimento em entender extrapola o tempo no espaço.
A vontade que vem substituir é de estourar a última bolha.
Derramar as últimas gotas de água do balde.
Rua sem saída. Conversa sem conclusão.
Queria eu, poder falar tudo o que eu sinto,
tudo o que eu quero dizer.
Mas só de olhar pela minha janela, desisto.
Do que adianta falar o que só faz sentido para mim?
Castelos de areia de quinze andares.
Meu e somente meu. Escondo. Ninguém vê.
Castelo de sonhos que talvez nunca serão descobertos.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Queridas palavras

Nem só de dor, vive o poeta. A alegria também o visita.
Nem só do derramar manente de suas lágrimas, ele vive.
Nem só do olhar desfocado e controverso da realidade.
As mais bonitas prosas e os mais bonitos versos vêm do escuro, sim.
Contudo, letrinhas recém desenformadas também aparecem ao amanhecer.
Sombras se mostram amigas de suas rimas, de seu divagar.
Bonito é ver como se extrai o que é agonia, em uma saída saudável.
Sem cacos, sem restos. Só termos.
Palavras procurando alguém a quem acariciar.
Ao alcance do seu toque, elas esperam. 
Me's abracem.

Um pouco mais

Reações tão absurdas que imprecisam de alucinógenos.
Desespero em viver absurdamente o que é feliz antes que termine.
Olha para trás e vê a motivação de tudo isso.
Tenta aproveitar cada segundo do que é bom.
Tenta absorver tudo de lindo que existe no momento,
para que o resto dos dias sejam amenizados à sombra desses.
Desespero solitário, o dessa moça que quer ser feliz um pouco mais.
Não por momentos passageiros, mais um pouco mais.
Um pouco mais perto, um pouco mais contínuo, um pouco mais sorriso.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Visionária

Pela porta, vejo um vão.
Um brilho misterioso seduz os meus olhos.
Curiosa menina. Mal consegue aquietar-se.
Não consegue ser meio. Não consegue viver meio.
Contudo, isso nunca a impediu de viver, vez ou outra, desta forma.
A mania de ser tudo tem te enfraquecido.
Desesperançosa, passeia pelos seus dias atenta a qualquer coisa.
Alguma mudança, não sei. Alguma novidade.
Incauta menina, utopista mulher.

domingo, 18 de agosto de 2013

Nomadizando.

Hoje eu tentei chorar. Não consegui.
As lágrimas parecem ter ido embora levando parte da minha sensibilidade.
Hoje eu tentei dar gargalhadas. Não consegui.
Tento, mas não sei por onde seguir.
Perdida, sempre ando pelas mesmas ruas sem um lugar para repousar.
Sem um ninho, sem uma manjedoura, sem um porto.
Meu navegar é lento e indestinado.
Sempre indo embora, eu continuo.
Sempre dando adeus.
Quiçá, um dia, poder ter um desfecho diferente.
Um dia, um sonho.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Prossigo

Raios e trovões sobre o teto findados, o silêncio impera.
Ando pelas ruas e consigo enxergar o quão bonito as coisas podem ser, se eu souber olhar.
Pares andantes, dançantes. Vínculos reformando-se mutuamente e isso passava despercebido.
Mania de formar um centro e esquecer os mundos que se derramam nas ruas.
A cada esquina, surpresas. Ainda posso me surpreender.
Tenho me deixado. Decido não me cobrir de sombras.
Não preciso. Não posso. Não depois de tudo pretérito.
Sem esperanças individuais, sem expectativas de mudanças.
Me acostumo comigo, faço as pazes. Sigo me enchendo da beleza dos outros.
Quero poder ver o que é bonito. Assim, o farei. Nada me fecha os olhos.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desafogo

Uma mão invisível e sempre presente se estendeu.
Não deixou me perder por entre a queda no lago.
Me segurou sem eu querer segurar.
Me acudiu quando meus olhos estavam fechados.
Quando só queria olhar internamente.
Me trouxe à superfície.

Hoje não

Pelo caminho, percebo o que me move.
A minha constituição.
Minhas partículas são feitas de tristeza.
É o que me faz andar, o que me acompanha.
Dia após dia, sinto cada gota na minha corrente sanguínea se mexer obrigadamente sendo levada a ver algo bom nas coisas que me acontecem.
Hoje é diferente. Não quero e nem vou procurar desviar o foco.
Pisei em um cascalho solto e cai no lago fundo da minha realidade.
Não vou gritar, não vou pedir socorro.
Hoje não.

Perdi

Perdi o acelerador, perdi o freio.
Perdi a chave de casa, perdi o ponto de checagem.
Perdi qualquer coisa que me faça lembrar pra onde iria.
Novo dia. Nova fase. Novo rumo.

Pensando com clareza

Amanheceu. O rastro de cinzas da minha sombra não aparece mais.
A claridade veio para destruir qualquer vestígio de qualquer coisa que se escondesse ainda.
É o fim da linha. Cruzei a linha de chegada. Não há gritos ou sorrisos de recepção.
Entre penhascos e aldeias planas, a hora final chegou.
É preciso decidir minha nova direção. Não tem mais jeito.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Voltando à toca

O mau tempo sobre minha cabeça é totalmente desordenado.
Nuvens passeiam no meu quintal, indo e voltando todos os dias.
Pulo o muro da tempestade. Entro em um vão e me escondo.
Não quero mais estar assim, tão vulnerável.
Não quero mais esses pingos agulhados.
Sinto frio e procuro um lugar onde me aqueça.
Ficarei por lá por tempo indeterminado.

Vezo

Contra o tempo, persisto em meus dias. Derramando sonhos pelo caminho.
Deixando cair pedaços de planos pelo chão, sem esperança que alguém me siga juntando-os.
Não tenho companhia. Inspiro cada partícula de oxigênio sem brusquidão.
O tecido que me veste é escuro. Meu vestido rodado não roda mais.
Não espero mudanças. Mais uma vez, me convenço disso. Me acostumo.
Tranquila sigo e só.

Never more

Se olha e não percebes.
Não enxerga e não vê.
Presença invisível.
Gestos imperceptíveis.
Cansaço, repetição.
Observo a inobservação.
Não vire, não adianta.
Falta de atenção.
Achará mais tantos ângulos interessantes.
Ninguém colore, ninguém dança.
Permanecerá. Será?
Inexistente esperança.

Stay

Esteja presente, nem que por um bom dia.
Esteja presente, nem que para perguntar o que estou fazendo.
Esteja presente, nem que só para reclamar de fome.
Esteja presente. Repito e vejo ecoar esse tipo de frase por dentro.
De mim e para mim.
Desde sempre. Desde a rotina pretérita dos meus dias.
Desde pequena e sendo grande.
Desde correntes sanguíneas, às correntes do coração.

Instavelmente bem

Pisando em água, esperando estabilidade ao caminhar.
O chão parece terremotar a cada passo.
Fechei o olhos e segui, porque era para frente que deveria ir.
Ruim é saber que se deve continuar e sempre esperar que as coisas mudem de direção.
Ruim é saber para onde ir e não conseguir se sentir segura e decidida o suficiente para andar.
Quero colo e uma mão para segurar.
Quero companhia para a caminhada.
Quero paz e tranquilidade. Quero estar indefinidamente feliz ainda por muito tempo!

Crash!

Algo se quebrou.
Se por inconsciência, o pássaro azul abre as asas em ações que fazem o outro o perceber, por consciência agora, não o acontecerá mais. A naturalidade estará escupida bonita e bem apresentável em um trono. Folhas de bananeira a ventilarão.
Nem um sinal de correntes.
Tenho medo de aprender a voar e ser impedida.
Não quero asas cortadas. Não quero paredes sob meus olhos.
Quero a paisagem do céu. Alcançável e perceptível ao meu flutuar nas nuvens.
O vento me abraça. Apesar da tempestade invadir vez por outra, quero poder senti-la.
Deixe-me estar por perto, porque quero. Não vou embora se me sentir com opções para isso.
Preocupações não cabem mais. Dores de cabeça. Explosões. Tudo no lugar errado.
Tudo sem o mínimo sentido e ninguém mais se importa.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Recentes constantes

Estou presa ao silêncio.
Vivendo como refém, atormentada pelo simples fato de pensar.
Acúmulo de perdas. Restos de tudo o que deu errado.
Migalhas de reconstruções insistentes.
Presente concreto frio e recém nascido. De novo e mais uma vez.
Acordo e me esforço para aguardar o sono, rendida a cada alvorecer.
As estrelas vêm e vão me impedindo de acompanhar sua constância.
Vêm e me sentenciam a vê-las partir.
Levam a cada viagem, mais uma parte do meu eu quebrado.
Reconstrução com progresso inverso.

Desmedindo

Sinto o cair das decisões mentais.
Arcaboiço desabado.
Desmedidos passos.
Me largue, me solte, me deixe viver.
Por quê?
Quero ar. Quero poder respirar aliviada.

Temporal aleatório

Como num temporal, vejo todas as páginas voarem sem direção certa pela casa.
Escritos, por mais que turvos, montados minunciosamente jogados ao mar.
Nada mais faz sentido. Quando iniciava um significado, um porquê.
Até estávamos todos nos acalmando.
Tempestade chega novamente. Bagunça aleatória. Desmedida. Inconsequente.
Sinto pedaços do nada se degradarem e chegarem ao chão aos poucos.
Gotas despencam, fazendo desabar construções recém finalizadas.
Mau engenheiro, esse. Planejamento desprogramado.

domingo, 11 de agosto de 2013

Aguerrida inutilidade

Ocorre-me o sorriso.
Hoje noto parte da beleza, ser a raridade dele.
Triste fato, o constatado.
Pela especiaria de vê-lo, torno-o um tesouro.
Meus dias parecem se arrastar ultimamente.
Aguerrida aflição de não poder arrancar essa dureza que te encharca.
Observo. E nada, nada faço.


Desalento

Entre tudo o que meu silêncio quer me dizer, vejo algo agora.
Algo que discorre sobre o egoismo que há em ser triste.
Meu coração, hoje tempestuoso cheio de ventos batendo nas paredes de si mesmo,
narra-me o quanto posso ainda não olhar pra ele.
Olho em volta. Coisas boas saltam e pousam confortavelmente.
Não posso focar no que rebentou, no que não tenho aqui dentro.
Meu coração impovoado, trancou-se há tempos.
Por mais que tente irromper as trincas vez ou outra, não está na hora.
Estou em construção ali dentro.
Posso, então, mudar o foco. Meu olhar pode acompanhar minhas tarefas.
Minhas conquistas estão numa estante à minha frente.
Observo. Faço-me feliz. Garganta abaixo, motivos que me coloquem para cima.
Sei que consigo. Tenho progredido. Raios de sol dão o ar da graça de vez em quando.
Desfoque. Escolhas. Mudanças.

Devaneio

Foi um lapso. Um raio laser, uma estrela cadente, um raio.
Como o instante de uma queda, um tropeço.
Finito.
Obliteração da realidade. Buraco negro, um vórtice.
Foi um sonho. Uma boa divagação, bons pensamentos.
Finitos.
E assim, como veio, passou.
Me atropelou, correu. Sem socorro, sem observações.
Desertou, desarvorou. Desvaneceu-se.

sábado, 10 de agosto de 2013

Ser bolha e voar

Ser bolha e fazer meu ar deslizar sobre seus cabelos.
Observo cada partícula que voa na minha frente.
Dançar de mãos dadas com o vento.
Ir por onde for, ir para onde for.
Ser bolha e ter a existência resumida em um passeio livre e lindo.
Estar apta a ir, sendo levada. Estar disponível na atmosfera.
Ser livre e voar... e ir para longe. Quiçá, te encontrar.
E enfim, poder estourar. Findar com a sensação de dever cumprido.
Te achei. Enfim, completei meu ciclo. Amar.

Pequenos detalhes

São coisas com as quais me apego.
São coisas pelas quais te conheço.
Pequenos detalhes que me fazem mudar de ideia.
Observo.
Coisas que se denunciam.

Claro e evidente

O primeiro raio de sol chega como peça essencial de decisões a serem tomadas.
Tudo parece ficar mais claro e definitivo quando se acorda.
A noite trabalha na mente como se organizasse o quarto.
Colocasse as coisas no lugar, diminuísse a bagunça e apontasse quem, afinal, anda levando 8 merecendo 3.
Mania de prolongar as coisas. Mania de estender tudo na esperança que melhore. Perca de tempo. Hoje acordo e vejo tudo claro.
Apesar das sombras, quero mesmo estar onde estou. Meu coração não anda habitável.
Essas datas sempre jogam tudo pro alto e me fazem observar quem me ajuda a pegar antes que caia no chão. Inconscientemente, as pessoas se mostram. Averso-me a esse tipo de datas.
Mas já que chegam, melhor que tire o melhor delas.
Cansada de arrastar coisas, solto as duas mãos do balanço.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre vôos

Voe, voe passarinho, mas aprenda o caminho de volta.
Voe, voe, mas não esqueça de não fechar a porta.
Voe, passarinho, mas não me deixe te ver partir.
Voe, mas que não seja em definitivo.
Voe, passarinho e faça muitos amigos.
Voe, passarinho e amplie suas experiências.
Voe e cuide de você por você.
Voe, mas por favor, passarinho, volte um dia.

Wrong time

Quando vens, é quando vou e não quando te chamo.
Tu me olhas, quando não olho ou quando virei as costas.
Quando me chamas, é quando não estou ou quando não ouço.
E quando me tocas, é quando estou longe ou quando inexisto.

Quando vens, é quando fecho os olhos ou quando eu durmo.
Tu me olhas, só quando já fui ou quando estou lá.
Quando me chamas, é quando eu grito ou quando eu corro.
E quando me tocas, é quando não espero, me sinta e morro.

Horas erradas, me perseguem e persistem.
Horas erradas que sempre me travam e nada acontece.
Horas erradas, me esqueçam, desapareçam.
Horas erradas. Horas erradas... horas erradas.

Ilusão solitária

Triste forma de ver a vida, se não se tem esperança.
Triste o pássaro que aprende a voar e não tem um ninho.
Triste a mão que não tem outra para segurar.
Triste realidade a de um barco sem um porto.
Triste a rota de uma viagem sem destino.
Triste o carro sem bancos fundos e gastos por passageiros.
Triste a caneta sem ser emprestada.
Triste o anel sem ser posto em um dedo.
Triste o avião sem os beijos diários das nuvens.
Triste o livro que não é lido.
Triste sou eu ou você, quando pensamos que se pode ser feliz vivendo sozinho.

Ser poeta

Ao passo que ando, observo o quão triste é ser poeta.
"Se tua dor te aflige, faz dela um poema." Li.
Poesia, em mim, é isso. Dor transcendida. Resumo ao meu ver do que vi.
Poesias são sombras. Sombras que de mim, não saem.
Poesia é você, sou eu, somos todos por minha vida.
Tristes lembranças, dores de partida.
Busco palavras em cada gota de reflexão de dias tristes ou, ao menos, pensativos.
Palavras que me traduzam. Palavras. Ao vento, ao chão do meu pensamento.
Palavras dançando, no ritmo sem nexo do meu tormento.
Expulsas hoje, expulsas sempre, vem procurar abrigo aqui.
Em tão humilde recanto, tão discreta estante.
Minha paradoxa despensa dançante.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Me disseram

Um dia, me falaram sobre um caminho seguro.
Um dia, me explicaram sobre refazer laços.
Num belo dia, foram embora reforçar os seus.
Um dia, eu fui paraquedista.
Um dia, fui a moça bonita.
Num belo dia, a distância se juntou a nós.
Um dia, não entendi o que quis dizer.
Um dia, não quis soltar tua mão.
Num belo dia, continuei a viver.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Icognitando

Necessidade de gritar.
De falar.
De pular.
Necessidade de viver.
De correr.
De te ver.
Necessidade de ouvir.
De sorrir.
De sentir.
Necessidade de ser.
Necessidade de estar.
Necessidade de necessitar.
Cascata de pensamentos que se esborracham no chão.
Desprezo a ordem e a orientação de cada um que consegue fugir.
Siga seu destino e seja livre.

Amado, amigo

Por que te vais, amado amigo?
Por que sempre te vais?
Curiosa e cruel realidade que me tapeia todas as vezes que me acaricia.
Gélidas unhas as que me arranham ao pousar de um lindo voo.
Por quê, amado amigo?
Tão sem hora e sem momento.
Subitamente somes.
Pelos anos que te cuidei.
Pelo amor que te entreguei.
Pela vida que te dei - a minha, todos os dias.
Nem todo o pranto substitui tua perda.
Os anos passam e me sinto perseguida pelo tempo por tua falta.
E sempre te vais.
Então, fiques, amado amigo, dessa vez,
Pelo menos dessa vez comigo.

Transplante

Vem aqui, preste atenção. Encosta a cabeça no meu colo, menino.
O mover de meus dedos em teus cabelos criarão poderes.
Poderes de absorção do que te passas.
Inoculando o melhor do que ainda me resta.
Como soro goteando na tua corrente sanguínea, receba um sorriso.
Como sonda que te suga o que é lixo, me dê seu pranto.
Realidade imprópria e indelicada, essa que dificulta teu caminhar.
Estou aqui. Apoio e andador. Seguro tua mão.
Fragmentos de um ser alegre, pelo menos por fora.
Fragmentos do que superficia.
Te dou minhas cobertas, a parte que é.
Quiçá, daria um coração novo, se o meu não se arrastasse.
Compartilho realidades.
Me deixa estar. Me deixa transplantar.
Cirurgia progressiva.
Não espero recompensas. Contudo, poderia ser um sorriso.
De longe, daí. Mas valeria a pena.
Um novo dia quase bate à porta.
Será melhor.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Get old

Ao passo que caminha para tardios dias,
corre na linha do tempo paradoxa de internamente envelhecer.
Acentuado trânsito de pensamentos, extremo desgaste mental.
Velhinha abstrata.
Fácil revelada, implícita em palavras.
Entranhas enrijecidas sem rugas concretas.
Rugas no olhar, mas por dentro.
Ela havia se tornado anciã antes mesmo de andar com as próprias pernas.
Havia saltado de olhos fechados. Do resultado, ninguém sabia.
Apostaram nas condições climáticas.
Hoje, se vê. Se vê de pé. Passos arrastados são fato.
Uma ou outra cicatriz, mas se vê de pé.
Velhinha abstrata, mas menina.
Menina, ainda, com sonhos.

Quereres

Eu quero tranquilidade.
Quero amor sem necessidade.
Quero estar assim, quero estar feliz sempre.
Em sonhos, reviver, o que na realidade acontece.
Quero brisa, quero leveza.
Quero companhia, quero amizades.
Quero finais de semana vendo filme.
Quero dias de chuva.
Quero abraços, mas apertados.
Quero carinho, quero brincar.
Quero você para conversar.
Sou admiradora de sorrisos.
Sou admiradora do teu sorriso.

Máscaras desesperadas

Há quem diga que não acredita no amor.
Vejo sorrisos tristes escondidos e purpurinados por detrás de tais palavras.
Por baixo de palavras sem apego, palavras sem sonhos e sem esperanças de algo de "nós" em um futuro incerto. Planos feitos e refeitos em cima de palcos ocos de qualquer real expressão de qualquer coisa.
Vejo palavras voarem sem destino, sem rumo, desesperadas em pousarem em ouvidos que as escutem. Tempestade artificial crescente.
Vejo tristeza bem vestida, intoxicada, bem descolada, buscando um pouco de simpatia. Visão turva.
Vejo a vida sendo mascarada na tentativa de se acreditar que essa é a melhor cara.
Máscaras que protegem, que fingem, que gritam e pedem ajuda à alguma sensibilidade que as note.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Nirvana

Claridade lunar. Sou fã dessas noites.
Aplaudo com o meu interior.
Da janela, vejo calmaria.
Suspiro, buscando a normalidade da agitação.
Minha casa é minha nave e tendo a pousar em lugares agitados.
Não dessa vez.
Sou marciana bem recebida. Afinal, a falta do ruim é bom.
Paradoxo relaxante para a alma cansada.
Imaculada tranquilidade.
Observo e aproveito.

Bola

Quantas vezes eu perdi a noção de como continuar?
Quantas vezes eu me perdi em minha própria estrada?
Quantas vezes eu tropecei em meus próprios passos?
Numa bola, está o controle. Descobri.
Bola essa, que corre, que pula.
Bola essa, que de quase todas, descansa no leito errado.
Acalme, respire, segure-a. Solucione, grite.
Alegre-se. A bola é sua, tome posse.

Vagar devagando

'Ando devagar, porque já tive pressa' e hoje vejo, que nada adiantou.
'Ando devagar, porque já tive pressa' e hoje vejo, que só me cansei.
Ando devagar, porque percebi que as coisas que são pra acontecer, buscam suas formas de surgir.
Ando devagar, porque de nada adianta correr sem saber aonde ir.
Ando devagar, porque meu passo lento já me levou a lugares que nunca imaginei chegar.
Porque minha rotina de vagar é fixa.
Porque minha rotina de vagar é rotina.
Porque minha rotina de vagar tem me dado tranquilidade.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Diga-me?

Por um minuto, queria ser vento, para que passasse por pensamentos e pudesse só saber se me cabe te tanto admirar.
Não almejo muito, não pediria muito... só queria saber se ainda posso sorrisos de ti, arrancar.
Em um segundo, exala tantas palavras quanto não posso saber para onde vão.
Em um segundo, me leva a direções tão contrárias que mal parecem ter qualquer ordem.
Diga, castanhos meus, o que me espera? Diga-me para onde eu devo olhar?

Relato

Hoje. Escravizadas pessoas seguindo por mais um dia de luta.
Hoje. Sentenciadas pessoas seguindo pelo corredor do fim.
Pego carona na cauda de um cometa e viajo pelo espaço sideral do tempo.
Preciso de ar, preciso de uma fonte de vida.
Esperança, antes que sufoque.
Penso e vejo estar fadada a esperar agora e sempre.
Hoje e mais um dia. Até e quando não será mais possível.

Dias e dias

Sugada energia, alegres sopros para fora da janela.
Porque há dias em que eles nada me falam.
Porque há dias em que a vida é diminuta.
Explosão de sonhos, todos o mesmo tempo, gritando por se tornarem reais.
Porque há dias em que acordo e não percebo.
Porque há dias em que não queria acordar.
Cansada de ser utopia, distante e para qualquer alguém real que admire.
Porque há dias em que quero ser ouvida.
Mas há dias que só quero sinceridade e companhia.

Aquele

Sou aquela que não liga, que não observa, que não chama atenção.
Sou aquela que não nota, que não reclama, mas também não confirma.
Quero ficar sozinha, ficar sentada, quiçá deitar e esperar.
E, olho pro lado, paredes ouvintes, sonhos aparentes.
E, bem no meio disso tudo, apesar disso tudo, você.

Vivo

Vivo meio morta, quase alegre, quase feliz.
Vivo meio tranquila, quase decidida, quase no fim.
Vivo meio assim, quase pra lá, com quase você.
Vivo meio acordada, quase paciente, para quase tudo.
Vivo, acordo e durmo. Os dias passam. E só.

Constancias inconstantes

O ruir das construções destruídas pela rua, lembram-me o efeito do interior meu por seus castanhos pedintes.
Pouco se sabe sobre a cascata de pensar que se derrama em tão pouco tempo.
Pouco se leva adiante.
Constante giro sobre opiniões.
Constante passeio por opções.
Constante falta do que é. Ou deveria ser.

Até quando?

Preciso de um farol para não perder o foco.
Preciso de uma corda para que não afunde.
Para que não afogue, para que não me solte.
Do contrário, me perco. E acabo aqui, sem brilho.
De novo, alheia ao redor.
Nada se move, nada me convence.
Outra noite perdida.
Outra noite sufocada por palavras não ditas.
Outra noite deixada pelo caminho.
Até quando?

terça-feira, 30 de julho de 2013

Olá segunda.

Horas se passaram.
Recupero a consciência matinal.
Desperto com um cantar de longe.
Pássaros de um lado para outro, elétricos!
Realidade quase extinta e tenho o prazer de admirar.
É bonito ver que cantam, independente da situação.
É bonito admirar estabilidade.
Um sonho, uma meta.
Cantar sem ter motivo.
Dançar sem ter porquê.
Voar sem destino e sem preocupações.
Nessa valsa matinal, desperto.
Cada nota vacilante aos ventos, ouço.
E me animo. E sorrio.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Novos dias

As nuvens se dispersam do meu dia.
O sol se mostra lindamente receptivo no meu horizonte.
Não há vestígio da tempestade que outrora tomou conta da minh'alma.
A parte de boa de viver é que sempre terão novos dias. Novos dias novos.

domingo, 28 de julho de 2013

Vago

Como uma astronauta de sentimentos, eu vago. Como um extraterrestre de realidade, eu sigo. Sempre, de fato, de longe, planando sobre qualquer tipo de tranquilidade. Minha bolha exterior se substancia ao redor e se prende aos fios de cabelo. Nada que alcance, nada que consiga tocar. É sempre tudo tão superficial e inatingível. Armas se acoplam à minha bolha. Não conseguirão me atingir. Nem eu. Amanhã... talvez. Encontre a saída de emergência, por favor.

Aquele dia

Aquele dia em que tudo deu certo.
Que tudo saiu como deveria.
Que se comeu coisas gostosas.
Que se encontrou com pessoas legais.
Que se viu flores bonitas pela rua.
Que se deu gargalhadas.
Que se cantou.
E, ainda assim, ao fim, nada adiantou.

Carinho

Carinho não se força, não se pede.
Carinho não se compra, não se mede.
Carinho vem de dentro, para fora.
Carinho: necessidade, desafio.
Carinho: busco e não presencio.
Carinho, utopia momentânea.
Carinho... Me abrace. Só hoje.

Outono

Folhas secam caem das árvores de toda a cidade. Nenhum segmento de vida se acharia em cada uma delas, por mais que procurem. A primavera passou. Com ela, todas as cores, todas as esperanças de colorir. O outono toma conta violentamente e por mais que cada galho use sua última gota de vivacidade, não consegue conter o inevitável. Tudo em preto e branco. A vida se foi e só algo muito significativo as traria de volta. Ouve-se assobios. Ouve-se o canto dos ventos passando por um chão, hoje sem vida.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Navego em silêncio

Sobre o meu silêncio, eu digo. Em meu olhar, precisamente. Há quem entenda cada vírgula ao piscar, mesmo de longe. Não é tão difícil despertar algo alegre em mim. Há quem entenda, quase sempre, o que se passa correndo, indo e voltando, sem destino certo. Medo, sempre presente, mas quase nunca, ultimamente, bloqueando os impulsos na tentativa de mudar as coisas de lugar. Quero me deixar olhar o horizonte e receber o abraço distante daquela linha pontilhada no fim do por do sol. Quero fechar os olhos sem medo do tropeço. Quero falar e ser bem interpretada. Como foi um dia, como deverá ser mais alguma vez. Por enquanto, navego devagar, observando cada onda bater fraquinha na madeira já cansada de tanto andar por ai em busca de algum objetivo aos seus navegantes. Cá estou também em busca de algo. Algo que ainda não sei.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Fonte

Avisto uma fonte ao longe. Sua água é limpa e cheia de luz. Luzes claras de todas as cores. Apesar desordenadamente deixar cair para um lado e outro, não diminui sua beleza. Dou um passo e percebo meu pé preso em algo. Olho para frente e não consigo decidir se puxo de uma vez. Vínculos quebrados em prol da fonte bonita. Sigo pensando, tentando decidir. A água dali vai se transformando a cada dia em algo mais bonito e vistoso. Parece-me certo. Se for, os dias me confirmarão. Não tenho pressa sobre confirmações. Nada decido por agora, espero.

Poluição sonora

Englobada em vidro, sigo. De dentro, percebe-se tudo fora do lugar. Se ouve aqui ou ali, não se sabe. Aguerridas histórias. De dentro, nada se sabe sobre qual o real lado, quem fala mais alto. Fico e observo. Gritos e extravagantes representações se mostram. Olho nos olhos e é raso. Nenhuma profundidade ali e nem ali'outro. Melhor não opinar, melhor não decidir. Partidos não cabe tomar. Nem um gole, nem mais um copo bonito com bolinhas coloridas. Nem um copo e nem um prato. Prato raso e sem vigor. Nada parece ter bom sabor. Fico, deito, durmo.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Auto amnésia

Às vezes, se esquece que é importante. Às vezes, se esquece que é especial de alguma forma. Às vezes, se esquece que do jeito que está, pode sim, ser bom. O mundo, quase sempre, força o endurecimento e a busca da perfeição total. Tanto, que muitas vezes, se busca incansavelmente mil erros em si. Quando, na verdade, o problema de tudo pode não ser totalmente incluso em alguém.
Às vezes, se esquece, mas que bom que mais cedo ou mais tarde, a vida te lembra. Lembra do que é e do que foi. Lembra do que se tornou e do que amadureceu. Lembra do que melhorou. Lembra e mostra que pessoas admiram. Lembra e mostra que não é de todo mal. Acorda, relembre. Capte os sinais.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Sonho

Corro, perco o fôlego sem te alcançar. Ainda assim, não desisto. O que é a vida sem amar? A sociedade amarga nos aprisiona uma pedra ao calcanhar numa queda livre em ambiente aquático. Amor, remédio. Amor, alvo. E por mais que ainda não te alcance, continuo a te buscar. Mãos estendidas a poucos centímetros de contato, por vezes. Por outras, invisível. Ainda assim, não desisto. A paz de estar em par, parece mais fácil. É bonito. Um dia, um sonho. Inebriante utopia, te busco.

Sigo

Eis que de repente, o mar se abre. Deixei uma trilha de migalhas para saber para onde voltar. As ondas levaram. Se perderam, não há retorno. Ao redor e acima, só há vento. Folhas passeiam em meu coração. Teias. Por mais forte que o vento sopre ao ponto de brechar a luz solar, torna a escurecer de vez em quando. Corri de olhos fechados ao mais próximo ponto de checagem, em frente e sem noção de velocidade. Alguém, escancare a porta e entre. Chá e uma cadeira decorada o espera. Eis que o corpo se faz humano novamente. Nem todo o combustível seria suficiente para ser gasto de uma só vez agora. Preciso recostar. Algo que me segure por uns instantes. Procuro meu auxílio, ele vem do alto. Por mais que alto e claramente grite, agora estou eu comigo mesma. olho para os lados, seguro minha própria mão. Sigo.

domingo, 21 de julho de 2013

Changes

Contagem regressiva para o futuro que nada diz. Chega mais perto, chega até mim. Queria eu, poder estar situacionalizada nisso. Os lados, nada me dizem. Não apuro meu ouvir. Me encontre, destino. Braços abertos te esperam para o que há de vir. Bem ou mal, que mude. Cara limpa para te receber. Que chegue, que algo aconteça. A espera do nada, cansa. Apareça! Se nada der certo, novamente acordarei esperando mais. Monotonia, vá embora. Não te ouço, dúvida. Tenho sede do amanhã e do que me traz. Apaixonada, sim, pela vida. Me abrace, fique um pouco mais.

Pow!

Explodiu. Ouviu-se o estouro ao longe. A madeira, que era base, voou. Mais cedo ou mais tarde, aconteceria. Todo o cuidado chutado com as decisões a serem tomadas. As opções me cegavam, precisava tomar uma atitude. Bomba-relógio. Ceguei. Ensurdeci. Estourei.

sábado, 20 de julho de 2013

Ar

Dói meu coração, meus impulsos. Dói meu coração, minha ansiedade. Dói. Me sufoca, minha indecisão. Me sufoco.

Apóxia

Sufoco. Excesso de pensamentos povoam minh'alma. Apoxio a mente. De tanto, já nada faz sentido. É o estopim da bomba para mais e para menos. Apoxio a mente. Impulso de coragem e impulso de desistências. Apoxio a mente. O corpo parece querer explodir sem caber tanto pensar. Apoxio a mente. Enlouqueço. Socorro.

Novo dia

O dia nasce com sabor de inicio. Mais uma vez, a vida me surpreende de sopetão. Lindo é vê-la dando uma forcinha. Afinal, nem só de dor e melancolia se vive. Coisa bonita é admirar o que se vive e saber tirar até a última gota de lado bom de tudo. Embriague-me com a tua luz. Cega-me com a tua alegria. Passiva à tudo que vir de bom, acordo. Bom dia!

Sorte

Sorte de quem pode te abraçar. Sorte de quem pode ter um papo furado contigo. Sorte de quem tem desculpa para resolver assuntos e acabar te vendo. Sorte de quem tem teu bom dia. Sorte de quem dorme só depois do teu boa noite. Sorte de quem pode te ligar e jogar conversa fora; de quem pode trocar mensagens e trocar ideias. Sorte de quem te dá opiniões. Sorte de quem te conhece e tem o prazer de um breve instante em sua companhia. Que sorte.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Já foi?

E lá vai de volta. Como uma correspondência que veio pelo correio em endereço errado, como roupa de presente com tamanho errado, como pedido de batom que chegou em outro tom. Te vejo ser levado. Me faz pensar. Se quando nada esperava, te ganhei, e agora vai embora, com a mesma tranquilidade inicial, permaneço. Em algum momento, chega meu presente. Em algum momento, o natal chega com o pacote colorido com fitas que brilham e meu nome escrito no destinatário. Não foi dessa vez, acho eu. Outro sorriso se forma em algum lugar no tempo e espaço. Em outro habitat, as borboletas foram voar e pousam para a linda exibição de cada pixel de cor encontrado em suas asas. Asas que te levam para longe. Asas que partiriam em minha direção, algum dia, de outro remetente. Meus pombos correios me surpreendem. Acham meu endereço e batem à porta só quando estou no banho. Não faz mal. Um dia, um sonho. A peça que falta.

Eu me importo. A relutância cotidiana não tem sido eficiente. Com as mãos ao alto, mostro estar rendida. Nunca é o tempo certo de recomeçar. É tarde demais, é muito cedo, e de nada vale tudo isso. Virei fã do sorriso, das gentilezas e da sutilidade ao falar. Não adianta, virei fã. Pareço ter dado o joystick a alguém que vive de apertar todos os botões. Por um momento, acerta o especial, em outro, se atrapalha todo. Espero o momento de pegar o jeito com os comandos. Em breve, espero estar sobre trilhos um pouco mais seguros. Agora, a velocidade é lenta, estou passeando. Não agora, mas em breve será escolhida uma direção e para lá, irei a todo vapor. Mas não agora. Ainda há tempo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Interpretações

Coisas acontecem, objetos voam de um lado para outro e eu já não sei bem qual se destinava a me atingir. Sei que algo se passa, mas não entendo o destino. Medo de ser atingida, ou pior, achar que fui atingida e na verdade, nem ter sido. Corro para longe. Dubitavelmente, sigo. Só paro ao ser atingida no centro. Quero ver o impacto. Surpreenda-me.

Breve

Um dia. Um dia, a hora de dar a luz será agora. Um dia, a hora da colheita será agora. Um dia, o voo não vai estar atrasado e nem adiantado. Um dia.
Passo por hoje, pensando em como será a hora ideal. Que lindo seria quando essa moça sumida bater à minha porta. Tenho esse dom. A ansiedade parece cochichar no meu ouvido diariamente. Desisti de ouvi-la. Me sinto mais leve. Deixo assim ficar. Deixo o acaso me trazer um presente. Receberei com o meu melhor sorriso. Terei o melhor abraço. Daqui, adormeço.

terça-feira, 16 de julho de 2013

De longe

Posso respirar. Rasgaram-se os papéis. O ar não parece mais sufocar. Deixei minha bagagem abstrata embaixo da cama. Nada me acompanha. Estou só. Escuto o mínimo ruir de folha ao cair ao longe. Como um guarda noturno, observo ainda na escuridão o sinal de qualquer coisa que diferencie. O vento passa pelos meus cabelos e todos os sons me chamam atenção. Aqui estou pronta para reciprocar, aqui estou atenta ao menor ruído. A espera tem sido minha companheira fiel. Meus olhos, tudo captam, tudo percebem. Ainda no escuro, silencio. Ainda no escuro, deixo minha mão pronta para estender. Entretanto, apareça. O medo me fez sentar aqui para pensar. Tomou a frente de qualquer partido, e inteira, assim mesmo, me falta. Fui levada para longe. Nada mais alcançável, nada mais tocável e ainda assim, presente. Meu bolso mental tatua assuntos. E dormentes, ainda existem. Mas estão dormentes. Deixo assim. Por enquanto, melhor. No escuro, observo. Espero.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Foco

Em meio a tantas coisas voando, a tantas coisas quebrando, a tantas coisas metamorfoseando, eu observo. Dentro e ao meu redor, tudo se nubla e se mostra variando a cada foco. Movida à gentilezas, eu vago. Mendigando, há muito, um sorriso. Meu olhar grita. Por mais que o controle das palavras tenha me coberto, meu olhar se recusa a desistir. Sonhos que se arrancam, que desabam e que se montam em segundos. Sou um barco que navega, hoje, sendo levada a lugar algum pelo vento. Almejo ajuda do tempo. Espero a força do 'se foi' para que possa me organizar. Mania de estar sempre querendo ver o melhor. Folhas brancas dançam. Agora, deixarei o melhor me abraçar. Venha até mim para que saiba quem és. Estar bem é questão de foco. Queria eu, poder ensinar. Queria eu, que sempre desse certo.

Out

Como de um sonho, eu acordo. Abro os olhos e consigo ver claramente o que se passa. Por um momento, pareço extraterrestrear. Quase ninguém mantém seus olhos tão abertos. Isso amedronta. Preferem inebriar-se de pequenos saltos e manter-se nisso até o próximo. Sempre aspirei até a última partícula do que acontece. Ainda que tão tão excitatório, pulante; ou tão tão inibitório e afogado. Hoje não me parece ser conveniente. Medindo profundidades. Medindo quedas. Assim seguindo. Hoje, para longe. Preciso respirar. Reconstruir-se. Quebrada, não consigo mais ir muito longe. Sair do palco faz parte para que o resto do espetáculo se desenrole um pouco sem a sua ajuda. Nem tudo pode ser guiado. Precisa-se expectar agora.

Peço passagem

Vento. Fleumática, esperei ele passar. Por vezes, pegando em minha mão imprecisamente e continuando seu caminho, por vezes, voltava e mexia nos fios do meu cabelo. Eu não o conseguia parar, não o conseguia seguir... numerosas eram as direções em poucos segundos... e quer saber? Não mais. No ciclo que se forma no centro do universo, nos buracos negros, nos vórtices, vê-se que apesar da mesma direção que todas as partículas seguem, as mesmas corrupiam. Saem todas do lugar e podem, ou não seguir em direções diferentes. Tenho o meu próprio vórtice, ele se chama vida. Ainda que chorosa, por vezes. Ainda que gritante, por vezes. Ainda que em dias, se concentre em cinco minutos e tudo o que se passa de ruim, me dê vontade de gritar. Por vezes, quase estupefatamente feliz, entorpecida por momentos felizes. Me perco e me acho todos os dias. Pego carona nesse que passa agora e me leva para longe para avaliação. Para um tempo. O meu tempo. Vou rodopiar. Quero voar. Um dia.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Tiros

Pá! Olho para o sangue entre meus dedos. Eles me dizem algo. Nem toda a proteção do mundo, um dia, iriam me defender de todos os tiros. Sou mortal. Relembro o que deixei para trás na tentativa frustrada de não ser atingida. O ego grita por socorro. Mais sangue se espalha pelo estofado.
Pá! A dor que expõe a fragilidade do ser que nos tornamos, me faz ver o imbróglio que a minha vida tornou-se em vão. Alternando entre dias tão perto do coração e dias tão longe quanto não se pode achar que haja volta. A solidão observa-me no canto da sala.
Pá! A mente foca no arrependimento do que poderia ter sido feito. No que poderia ter sido arriscado, no que poderia, porventura, ter dado certo.
Pá! Pá! O último suspiro se torna mais visível... é quase tarde demais. Aguerrida vontade de continuar. A dubiedade entre entregar-se ou não, invade a casa, quebrando os móveis. Em verdade, o que vale a pena? Arriscar-se.

Submarino

A bordo de um submarino sentimental, cá estou há muito. Por um breve período, quase cheguei à superfície, numa fuga improvisada e desplanejada, guiada somente por um canto bonito ouvido ao longe. Entretanto, fui ensurdecida em algum momento, e estou aqui de volta ao mesmo lugar, a metros de qualquer coisa que lembre a vida real. Em um gigante com destino incerto, mas duradouro. Blindado contra todos as cores e formas de uma vida deixada lá em cima. Vida perigosa, onde é constantemente provável ser atingido por uma bala perdida de mau amor ou pela bomba de desafeto de alguém. Aqui, estou segura, aqui estou protegida. Ou tento. Vejo o tiroteio de camarote. Todavia, me flagro ao pensar sobre essa função. Sim, esse muro gigante que me circunda, me protege. Não sou atingida quase nunca pela violência emocional que é cada vez mais comum, por estar à margem de tudo o que acontece; mas, ao longe penso na possibilidade de ver uma boa oportunidade. Quiçá, um breve momento feliz. Como farei para que deixe alcançar-me?