As ruas da cidade me fazem lembrar dos caminhos que escolhi. As paredes cheias de cores e de histórias gritam por piedade. Como eu.
Em um mundo cheio de superficialidade, eu vivo. Moro nessa calçada. Moro ali também. Moro em todos os lugares e em lugar nenhum. Pedaços de concreto embasam o meu leito.
Nem me lembro como parei aqui, como consegui essa roupa. Alguma boa alma me deu, provavelmente. Que pena. Não consigo lembrar de um traço do rosto dela. Minha memória é costurada a fatos soltos e sem sentido. Nem bem sei onde estou. Nem bem sei quem eu sou.
A noite, deito para olhar as estrelas. Percebo o quanto somos pequenos diante do universo. Então pra que essa lágrima a escorrer pelo meu rosto?
Um aperto de mão, quiçá um abraço. Bicho em extinção. Meus amigos que hoje chamo, nem me conhecem.
Sou navio sem porto, correria sem repouso. Bicho solto, sem colo. Morador de rua.
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