segunda-feira, 28 de abril de 2014

Renascimento

Cada centímetro do que toco é uma incógnita. Preciso sentir a beira do abismo na ponta dos meus pés. Sentir o cheiro do vento ao tocar o meu rosto. Preciso navegar. Sinto o meu coração bater mais forte. Sinto o seu calor perto de mim. Sinto a vida. Tanto tempo congelada no espaço me faz ver tudo pela primeira vez novamente. Tenho sorte do mar querer me levar desta vez. Tenho sorte por não ter desistido das minhas aventuras em busca das cores. Hoje percorro o arcoíris surpresa com cada novo passo. Renasci. Inicio a vida. Novamente.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Calos-ei-me

Assim como pouco a pouco, os tijolos vão sendo colocados; tão frequentes podem ir à ruínas ao longo do tempo. A firmeza das mãos já não é a mesma com o passar dos anos e já nem tão firmemente posso segurar sequer os meus sonhos.
Na bagagem, malas com tantas histórias das quais nem posso aguentar com meus dedos já sem sensibilidade. Olhos emudecidos são os meus nesse trilhar. Gritam e se arrastam vagarosamente por qualquer vestígio rítmico desse meu calejado coração.
Sento à beira do mar e sinto a paz ecoar no peito vazio de cor. Quero o azul desse céu ao beijar o horizonte. Quero o verde da grama que me sustenta. Quero o ar e o viver. Quero vida. Luz dos meus dias.

Sentir-te

Eram sete anos de uma vida. Eram trinta dias de um novo inspirar. Sim, eu sentia. Sentia como se nunca tivesse sentido. Sentia como se jamais tivesse sido despedaçada, tal como a rosa sem suas pétalas. Eu sentia como se fechasse os olhos e me jogasse de um abismo sem saber se tinha um colchão embaixo. Sentia como se andasse de olhos vendados. A escuridão me acompanhava, tapando minha instável fé. Eu só sentia. E era o bastante.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Carpe Diem

Eu deixo que diga. Diga seu nome, sua casa, sobre o que quiser; se quiser. Eu deixo que pense. Prisões alternativas nada seriam na efetividade de cada barreira. Eu deixo que fale. Fale sobre o que for, por onde for e quando for. Se lhe convir. Pelo simples fato de não saber envolver pedaços de fitas em nós e preferir laços.
Eu deixo que viva. Que voe e tenha sua própria vida, já que por baixo de minha asa, nem sempre ficará. Um dia em floreios, outro dia em borrões. Por dias de tempestades, em que sempre surjam o arcoíris após. Que em meio a dúvidas, surjam novas formas de olhar e que em cada novo dia, possas pesar e voar sobre o caminho do crescimento.

My world, no sense

Nem todos os passos que me estabilizam pelo caminho, me são seguros. Ou necessários. Esporadicamente, meu corpo pede para voar. Aquele belo par de asas também não me garante porto. Porém, o equilíbrio que venho construindo tem sido de fundamental importância. Nem somente por terra, nem tampouco estrita ao meu caminho, consigo estar em casa. Inquietude contínua e contradizente com meus pensamentos, que nem mesmo organizados, seguem por uma linha sem inconformidades. Meu trilhar é torto e minha rotina é cruzada. Não posso seguir em linha reta. Sigo os passos do meu imaginar. Tenho meu próprio vórtice. Nuvens de um só mundo. Minha própria rota. Paralelidade. Flexibilidade. Sem sentido algum.

domingo, 13 de abril de 2014

My sky

As ruas da cidade me fazem lembrar dos caminhos que escolhi. As paredes cheias de cores e de histórias gritam por piedade. Como eu.
Em um mundo cheio de superficialidade, eu vivo. Moro nessa calçada. Moro ali também. Moro em todos os lugares e em lugar nenhum. Pedaços de concreto embasam o meu leito.
Nem me lembro como parei aqui, como consegui essa roupa. Alguma boa alma me deu, provavelmente. Que pena. Não consigo lembrar de um traço do rosto dela. Minha memória é costurada a fatos soltos e sem sentido. Nem bem sei onde estou. Nem bem sei quem eu sou.
A noite, deito para olhar as estrelas. Percebo o quanto somos pequenos diante do universo. Então pra que essa lágrima a escorrer pelo meu rosto?
Um aperto de mão, quiçá um abraço. Bicho em extinção. Meus amigos que hoje chamo, nem me conhecem.
Sou navio sem porto, correria sem repouso. Bicho solto, sem colo. Morador de rua.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Crônico Presente

Amanheci com o pé na areia e fui ver o sol nascer. Cada grão que me tocava, parecia começar a fazer parte de mim. Éramos um: o mar, o céu e eu.
Poderia detalhar um mapa daquelas sensações, mas ocupada, estava, sentindo. A brisa acariciava meu rosto. Era como se Deus dissesse que estava cuidando de mim. E tem o feito. Hoje meus passos são mais firmes e seguros, quiçá dizer felizes; e não há um só dia em que esqueça de olhar pra cima e agradecer. Eu tenho um presente todos os dias: a vida com sua contínua oportunidade de recomeços.

domingo, 6 de abril de 2014

Repouso

Duas ou três palavras constituíam aquela melodia. Vez por outra, ouvia ao longe aquela voz que tanto me acalentava. Ora perto, ora distante; mas sempre presente. Era luz que alumiava minhas tardes tristes. Era o fino sabor que adocicava meus dias. Nada mais parecia complicar-se. Problemas eram vãos e sem eco. Ele estava aqui. Sempre fora assim. Um abrigo seguro, uma resposta, um repouso. Um bem pra vida.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Begin

Um sorriso, um abraço. Era um misto de sensações. Formas de apertar o laço que pelos dias uniam as emoções.

Era um vício. De tudo o que viria, era um alarde. De todo viver, um presente.

Era um amor que nascia, que despertava. Como um urso, acordava de um demorado sono.

Enfim, ali estavam. Mãos dadas simbolizavam a curva daquela viagem que há tanto já se vivia.

Era só mais um passo. E dali, uma nova vida.