domingo, 29 de setembro de 2013

Tijolos

Construção.
Possibilidades.
Medo.
Te abraço.
Te solto.
Te sinto.
Te afasto.
Te puxo.
Te levo.

Fear

De um lado, parede.
De outro, mais paredes.
Os tijolos desse monstro ainda não se desfizeram.
Corda bamba.
Tudo parece ter a incrível capacidade de cair.
Sopro de vento forte.
As folhas balançam.
A altura parece aumentar.
Ainda assim, pé após outro ponho.
Desnuda, despida. Desarmada.
Pé após outro lentamente.
Um, dois...

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Velejo

Quis viver.
Fez-se barco e então, partiu.
As ondas lhe pareciam desafiadoras.
A sede de vida fora maior que o medo. (às vezes.)
Na bagagem, palavras aveludadas e uma coleção de delicadezas.
Ao norte, o cheiro do futuro lhe parecia atraente.
Refletia a todo instante. Em cacos, iria?
Resultado da eterna falta de qualquer coisa.
Sem saber a que rumo ir, foi.
Sem cobranças, sem planejamento.
Sentiu a água em seus pés.
Navegou de olhos fechados.

Busca

Busca do que rimar, do que fazer sentido.
Me exteriorizo em palavras a todo momento.
Qualquer coisa que diga alguma coisa.
Tento por no papel o que, talvez, me faça entender
o meu andar, a minha busca, o meu estender.
Ou, na verdade, o que sou.
Divago, buscando a mim mesmo todos os dias.
Cruel sentença. Solitária.
Junto pedaços, tento manter-me de pé.
Preciso de força, algum lugar que venda ou empreste.
Pago com juros em suaves prestações.
Construir na caminhada, pretensas emoções.
Pode dar certo.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Conteúdo

Reinventar-me.
Após tantos desvios e abismos,
descobrir o que, afinal, me tornei.
Reconstruir-me.
Ver-me sob as armaduras.
Despir-me e assim, achar-me.
Nostálgica essência.
Em busca do que sou e do que ainda posso ser.
Permito-me.

Primavera

Tão mulher, tanta responsabilidade acumulada.
Tão menina indefesa.
Insiste em navegar em águas estranhas, nada.
Buscando um porto que não negue abrigo.
Esperançosas pretensões de um dia achar,
um cais, uma praia, uma praça, um lugar,
que te dê verdadeira morada.
Oh, inverno tempestuoso que a deixaste,
leve contigo as brumas que um dia a maltrataram.
Chega de preterizar pensamentos. É hora do que a surpreenda.

Tempestade

Amálgama de sensações. Emoções, sinestesia.
O chão abaixo de meus pés continua movediço.
Pusilanimidade que me persegue.
Se arrasta como se fosse um membro do meu corpo.
Preciso levantar voo. O céu continua estrelado.
Divago em círculos pelos cantos da vida.
Pondero sobre o que pode se repetir.
Preocupo-me com os pedaços desse coração recém colado.
Nem tão inteiro, ele continua.
Tomo todo o vidro de coragem e sigo.
Tentando sorrir com verdadeiro sentido novamente.
Fecho os olhos.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Disparate de ser

Poço de retribuição.
Te banho de carinho, se delicado fores. Flores.
Te cubro de gentilezas, se assim me tratares. Pares.
Um pote de fofuras. Uma eterna doadora de ser.
Se mereceres, completude.
Contudo, não te enganes.
Voo livre. Horizonte.
Penas rasantes por perto ou um pontinho tão longe.
Disparate comportamental.
Me mantenha perto.
Bicho solto. Monstro assustado facilmente.
Valha a pena e sempre o terás.

domingo, 22 de setembro de 2013

Onde?

Anseio por teus cabelos entre meus dedos.
Oh, futuro amor, apareça.
Energizo-me todos os dias para te receber.
Em eterna reconstrução, sinto que sigo.
Nunca sei quando, na verdade, estou pronta.
Contudo, tua companhia, me renovaria.
Andar sem um fim, inefável trilha.
Macambúzio andar.
Quero ver tua fronte e manter o foco.
Quero motivar-me a melhorar.
Dar carinho, transbordar-me.
Sempre que sinto-o perto,
em tão seguinte instante afoga-te.
Desaparece em tão escura sombra,
que nem com holofotes gigantes, te acharia.
Mergulho em meu repouso.

Cacos

Fatos que somam.
Rubra fronte, a que te recebe.
Monstro de delicadezas que morre de fome.
Velhos hábitos ausentes.
Nada se parece com o que um dia foi.
Nostalgia. Despedaça-se a obra.
Pouco a pouco... até, talvez, um dia ser nada.
E fim.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Foi

Olhar pra trás ainda me embreaga.
Medo do escuro por detrás daquela porta.
Névoa que não dissipa. Nada é insubstituível.
A velocidade é rápida e contínua.
Não há tempo para suspiros cansados.
Cicatrização andante. Nada de repouso.
O tempo passa e quem fica, o perde.
Passos rápidos e desatentos.
Habituais continuações. Piloto automático.
Tropeços inclusos. Fique de pé.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Why?

Vidas desbotadas, famílias largadas.
Andares sem rumo.
Sorrisos emplastificados.
Quanto mais corre, mais se sente perto.
Realidade sem brilho, fornos sem sequilho.
Sociedade sem ânimo.
As virtudes se perderam pelo caminho.
Simpatia exagerada. Forçada.
Abraços sem aperto, corações sem conserto.
Pares por conveniência, é tudo pela ciência.
Nada se entende. Não existe conversa.
Persistir, continuar é cafona.
Normal é partir.
Hoje, sempre partir.

Engatinhando

Chutando pedras, juntando seus restos, segue.
Por fora, sorrisos que mais parecem manchetes.
Vitrines de qualquer coisa que possa ser apreciado.
Beleza sem sentido. Arcos alvacentos que nada dizem.
Foco no futuro, como se estivessem prendido a direção do olhar.
Eterna luta, essa de não voltar o olhar pro que passou.
Afinal, de que adiantaria?
O horizonte é o que me levará a algum lugar.
Preciso sair daqui. Preciso reaprender a andar.

Vai

A corda é bamba. Equilíbrio incerto.
Embora feche os olhos, a instabilidade persevera.
Perigo constante. Ininterrupto.
Sinto os fios oscilando sob meus pés e continuo.
Por medo, abro os olhos. Piora.
É fácil dar força a quem vai.
Difícil é acreditar no que se diz.

Pressa que passa

Mais uma vez, vejo o trem se desgovernar.
Mais uma vez, o vagão se solta.
Atropelando quem mais estiver pelo caminho.
Parar jamais. Sempre assim.
Sem chance de tolerância de atraso.
Sem chance de qualquer recuperação.
Na pressa, passa e quem não acompanhar, fica.
Os dias só se arrastam na cabeça de alguns.
A realidade é dura e não te espera.
Concreto sem conserto.
Parede sem fim.
Vida que segue e sempre, enfim.

Do tempo

Passagem de estações, é um novo tempo.
Novas flores dão lugar às velhas folhas mortas.
Chegou o tempo em que o silêncio, traduzido por tua dor, findará.
Novos ciclos te afagam. Abra os olhos. Enxergue.
Há uma fila de cores esperando em tua porta.
A porta da vida. Do teu ressurgir.
Há uma fila de olhos com saudade do teu sorriso.
Aquele mesmo que anda escondido.
A escuridão está atrasada. Passou da sua hora.
Vejo-a escorrer pela janela a fora.
Paredes já não são necessárias. Braços tomam seus lugares.
Deixe-o abraçar. Sinta mais de perto.
'Relaxe.' Feche os olhos agora. Está seguro.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Adiante

Olhos fechados por uma estrada cheia de curvas.
Sinto o carinho do vento pelo corpo.
Os dias têm sido coloridos por uma névoa turva.
Ainda assim, avanço.
Por vezes, nem sei onde estou.
Seguindo, não sei para onde vou.
Ainda assim, avanço.
Por uma planície, por uma montanha,
por um penhasco, por um desfiladeiro.
Por qualquer lugar, qualquer caminho que, um dia, me tire daqui.

Todo após

Holofotes acesos.
Contra o tempo, devaneios vem e vão embora.
Possibilidade de uma nova vereda surge.
Surgem, em conjunto, paredes de concreto a cada excerto.
Durmo. Acordo com a sensação de estar perdida.
O que faço aqui? Para onde, na verdade, estou me levando?
Passos cegos de uma vida solta sem muitos laços.
Não por escolha, mas pelo acaso.
Continuando assim, sempre fora de mim.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Alertas

Brechas se abrem, portas se escancaram.
Luzes acendem e piscam.
Ruídos somem, ficam.
Emaranhado colorido de focos.
Vitrine, todos percebem.
Todos leem, todos veem.
Ainda assim, por mais que te seja jogado em frente
e não quiseres ver, nada fará sentido.

domingo, 15 de setembro de 2013

Pesado pensar

Falta um braço, um pé.
Falta um olho, um nariz.
Falta algo.
Simetria que nada demonstra.
Simetria sem nexo e ligações.
Pensar pesado e arrastado.
Deitou, dormiu.
Sonhou com o dia que acordaria.
Quando abriria os olhos, finalmente.
E viveria.

sábado, 14 de setembro de 2013

Détails

Olhei em cada canto daquele lugar.
Nada havia.
Observei teu voo livre, pequeno pássaro.
Esperei ver teu horizonte,
acompanhar o teu caminho.
Mas esperando, vi que ia para longe.
E de repente, não teve volta.
O teu voo me fez querer voar.
Inspiração paradoxa.
Rasante, suas penas beijaram meus cabelos.
Sentir o leve sussurro, foi fácil à minha atenção.
Zona de impacto, faixa de gaza.
Turbilhão de desistências.

Ver-te vendo

Sangue.
Meus pés poderiam dissertar um livro.
Piso em cacos. Partes de mim.
Desfigurando-me, parto.
A vitrine é impecável.
Ousadamente vendável.
A voz seca discursa.
Há quem acredite.

These days

Há dias em que o sapato aperta;
em que a cama é desconfortável.
Há dias em que você não está onde deveria.
Há dias que você não acorda sorrindo;
que chega atrasada,
em que você não quer conversa.
Em muitos desses, algo pode mudar tudo.
E ainda assim, não muda.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Occasion

Existem oportunidades que vem em repouso,
no bico de um passarinho ao pousar em sua janela.
Existem oportunidades, que como viagem marcada,
sabemos a hora e o lugar por onde passam.
Cabe a nós somente nos prepararmos para recebê-las.
E existem as oportunidades que você mesmo conquista.
Um alvo, uma meta, um objetivo.
Seja qual for a sua próxima, viva-a!
Raramente as terá de volta em mesmo estado.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sobre transição

Nada tem me impedido de seguir.
O que for para ser, será. Já diziam todos os outros poetas.
Não poderiam milhares de opiniões estarem assim tão erradas.
Como numa sala de espera, fico.
Um dia.
Em passos lentos, persevero.
Um dia...

Sobre seres

Tuas camadas, com o tempo, fizeram mudar a direção de tudo.
Era fácil admirar-te pela incógnita do que poderia surgir.
Todas as características pulsavam aos meus olhos como se não pudessem passar despercebidas.
Do alto, a pequena bolinha despencou.
Tomando proporções inesperadas, ela vem seguindo.
Sobre o destino, turvam-se as ideias cada dia mais.
Nada mais é claro.

Velhos hábitos

Com o tempo, acostumei-me a estar sozinha.
Pela infância, pelos recomeços, pelo espaço.
É mal de poeta buscar a solidão, mesmo quando não a quer.
Faz parte da beleza de escrever, ter uma parte à sombra de qualquer coisa.
Acostumar-se e ainda assim, almejar abrigo.
Acostumar-se e ainda assim, querer companhia.
Acostumar-se e ainda assim, sentir falta.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Mantendo o voo.

Continuarei voando.
Redescobrindo-me, vi que minhas pequenas asas
ainda podem me levar à lugares tranquilos.
Vejo-as sempre tentando levantar voo logo após ter caído.
Sigo observando seus frágeis movimentos iniciais.
Vejo-as com a ponta de esperança que sempre fica para regenerar o todo.
De novo e mais uma vez.
Sinto-as podendo abraçar e ainda dar carinho.
Sim, ainda é possível.
Sinto-as querendo voltar à vida.
Sede de mudanças. Respiração suave.
Um passo de cada vez até não mais sentir meus pés no chão.
Novamente no ar. Novamente buscando o equilíbrio.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ondas

Ondas.
Ondas que vem e me levam, ondas que me trazem.
Ondas que transbordam, ondas que inexistem, secam.
Ondas que me acalmam.
O mar tem certo ar de conforto.
Dão a sensação de eterna passagem.
Eterno movimento.
"A vida continua." Elas me dizem.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

To be

Envelheci.
Em cinco anos, tantos mais parecem ter chegado.
As rugas e marcas que me visitariam mais tarde, já se instalaram.
Lotam-me pensamentos e preocupações.
Responsabilidades e comportamento mais sério já forçadamente aprendidos.
Meu acordar hoje, é pesado. Queria ter asas ou me fazer flutuar por um tempo.
Poetisa, sigo arrastando meu eu em palavras.
O que queria, o que é.
O que me dói, o que me assombra.
Em sombras, vivo querendo fugir.
Minha realidade tem me deixado em nervos.
Ando sempre à flor da pele.

Ailes

Sonhei que tinha asas.
Me senti leve, era livre.
Planei, submergi.
Sonhei que poderia ir em todos os lugares.
As ruas não eram problemas.
As pessoas, formiguinhas.
Fecho os olhos.
Posso sentir o vento que me conduz.
Sopra baixinho, é preciso atenção.
Detalhes que acalentam.

domingo, 1 de setembro de 2013

Luz

A chuva bate na janela levando toda a poeira.
Tempo fisicamente demonstrado.
Calos, rugas, dobradiças envelhecidas.
Rangidos, cacos.
Fim da linha.
Eu não sei em que rua vim parar.
Sei que há uma luz em algum lugar.
É para lá que eu vou.
Para lá seguirei. Sempre.
Até chegar, um dia, onde espero descansar.

Tic tac

Feliz, quem crê que o rio pode mudar de rumo em algum afluente.
Prossigo. Espero a minha vertente.
Sou menina. Sou pequena diante da imensidão que nos abraça.
Sonhos que fazem os dias mais confortáveis.
Correnteza que nos arrasta. Nos obriga a seguir adiante.
Como o sol, um dia terei o meu nascer, radiante.
Tempo.