segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Clarear

Passagem de estações, é um novo tempo.

Em tão pouca luz, sinto os teus dedos deslizarem por mim,

Em busca das páginas em branco que anseiam pela sua escrita. 

Um novo ciclo. Um afago. Abra os olhos. Clareou!

Há uma imensidão de cores esperando em tua porta.

A passagem pra uma nova vida. Do teu ressurgir.

São tantos os olhos com saudade do teu sorriso.

Aquele, em tantas sombras escondido…

Vejo correr, atento, e pular por essa janela.

Paredes já não são necessárias. 

Braços tomam seus lugares.

Deixo me abraçar. Sinto mais perto.

Posso respirar. In. Ex. 

Fecho os olhos agora.

Estou segura. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

O que era real?

Cheguei ao fim tantas vezes que estas lágrimas que aqui escorrem já vieram de passagem, sumindo a cada minuto ao tocar o vento, molhando este rosto que já não tem mais vitalidade. Nem esperança. Nem sentido de ser. 

Essa bagagem que arrasto aos meus pés, hoje, não tem mais destino. Ou jamais teve.

E sobre o que é real, afinal o que é?

Abro os meus olhos e consigo enxergar o que era lá atrás. Dali pra frente nunca saberei o sentido de todas as palavras não ditas. E das ditas, ouvidas e somente sentidas por mim em um mundo que era meu… e seu… para mim.

E sigo perguntando… o que foi real?

Mil formas de acordar… e essa foi finalmente a necessária. E certeira. E definitiva. Muitos fins e nenhum começo. Fico apenas com a lembrança de um passado possível que não foi… fico apenas com o teu sorriso e aquela tua respiração na memória… de um momento feliz. Que certamente não foi real. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Galhos secos

Eu senti... algo. Construí as bases de um sobrado que nunca esteve em concreto. Me preparei. Um processo. Queria te receber.

Nem toda a vontade desse sonho parecia conseguir te alcançar. Vivia só em mim. Mas eu não vi.

Tentei que brotasse um mísero galho de uma árvore, no passado, tão vistosa… e não notei o que estava em minha frente. Ou notei, mas tive esperança.

Justifiquei os seus desajustes pelos meus erros. Tudo consequência. “Eu merecia um tanto de distância e demora”, eu dizia. Afinal, tanto fiz (ou não fiz) por tanto tempo que a fonte secaria um tanto de qualquer jeito.

Se fosse eu, não faria o mesmo?

Mas insisti… me esforcei. Pra quê?

No fim, por um tanto de vividez em desamor… que eu, realmente, nem te imaginei capaz… as palavras, como punhais, me fizeram acordar. E tudo veio à tona.

“Morreu!”… de fato, morreu. E ainda ecoam todas aquelas palavras aqui. O fim, de fato. Sinto o sangue escorrendo pelo peito recém aberto e aos pedaços.

Não tinha mais vida naquele tronco. E ainda que a vontade - minha - fosse de refazê-lo desde as raizes, morreu! Não existe mais.

Muitos anos trancado a sete chaves, num casulo, meu coração mal desfrutou do amor futuro naquela semana. Semana findada, ilusória e abstrata. 

Acordamos naquele domingo e onde tudo podia ser, existiu um enorme nada. Mudo e seco.

Fui tomada de volta pela penumbra. É hora do recolhimento. 

Volta pro teu lugar, velho amigo. O teu pulsar, em nada agora faz sentido. 

Da cicatriz e da ferida que nunca deveria ter sido remexida. Só mais um erro. Entre tantos nessa vida. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Zero

Não valem à pena… 
O arrependimento pelo sorriso dado, 
pelo amor dado, pelo carinho…
Não valem à pena. Já foi. 
O equilíbrio inatingível na reciprocidade inalcançável. 
Não existe troco. Não existe troca.
Não existe você aqui. Nem o momento. Nem sentimento.
Não existe nada.

Indigna

Um vício nessa adrenalina de perder pedaços. De novo e de novo. 

Uma constante, essa dor que nunca passa. Só muda o alvo. Ou a causa. Uma nova ferida.

Intrinsecamente, eu deveria ter aprendido que navegar é sempre um risco. 

Mas este é um jogo de contínuas perdas. Eu sempre perco. Uma aposta inútil.

Alto e sempre violento, grande ou pequeno, acaba sempre rasgando tudo.