quarta-feira, 24 de junho de 2015

Despedida do que já se foi

Como um cão que procura sua casa, eu rastejei. Farejava teus sinais, vez e outra, em todos os lugares. Poeira e tempestade me tentavam a me perder, mas eu sempre encontrava seu rastro. Como a cadela, ao filhote, procurei. Acalentava-me com pouco e no conforto de poucas palavras. Sobrevivia da velha chuva passageira. Até que um dia, tomei com fé, as minhas dores. Transformei em forças, a vontade de sempre retornar. Meu faro era sempre certeiro, mas naquele dia, era preciso me perder. Mais uma vez, te li, te senti na velha memória e pela última vez, me despedi. Apagados devaneios ensolarados de um rastro que não se corrompia. E tudo virara pó. Restos de um caminho que já não mais trilharei. Não reconheço mais tal cheiro. Não reconheço aquela casa. Tudo se foi.

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