Cigano

Cada passo é longo demais, quando se vai à lugar nenhum.
O peso que se carrega é grande demais, quando nada se constrói.
O tempo passa lento demais, quando se perde em meio aos seus sonhos.

Andar em círculos e sem rumo nos tornam perdidos.
Retirantes, nômades, ciganos da vida.
E quanto tempo mais haveria de passar até que amanhecesse?
Pois amanheceu. Demorou, custou muito do que não se tinha mais, mas clareou.
O dia se fez necessário e agora não há dúvida: acordei de um sono profundo.

Mais nada

E de repente, eu te revi... e não havia mais nada. 

E de repente, tentei novamente, respirar os teus ares... e não deu em nada. 

E tentei refazer alguns dos nossos caminhos... que não levaram à nada. 

A noite passou, a dor passou, o afeto passou... e não ficou mais nada. 

Eu não sou pro amor

Eu não sou pro amor.
Sem metáforas ou meias expressões. É isso.
Tem gente que nasce, cresce e ama antes de morrer.
Flores que brotam e borboletas que remexem o estômago.
Vive o amor, sofre, chora, é infinitamente feliz.
Eu não sei nada de bom sobre esse fenômeno.
Só vi flores despedaçadas, planos interrompidos. Falta de ar.
Eu não sou pro amor. E tudo bem.
Sem borboletas, sem pés com asas, sem sonhos coloridos.
Eu não sou pro amor. E só.

Algo aconteceu

Me diz você, o que aconteceu?
Escondido e tão calmamente habitava meu coração.
Esperando a hora certa, dormia suavemente até que fosse o bastante.
Sombra e ar fresco que atravessou os anos, sempre presente.
Durante uma vida toda, foi motivo do bem que há na minha.
Durante uma vida toda, aprendeu, cresceu, amadureceu junto.
E o que há de novo que antes não era possível ser visto?
O que há de novo que agora inquieta meus dias?
Me diz você, o que aconteceu?

Passenger

Eu te perdi. Mal sabia que fazia tanta falta. Mal sabia que tinha tanto valor.
Eu te perdi e mal sabia onde pisar meus pés. Mal sabia onde me sustentaria.
Eu te perdi e saí de órbita.

Eis que volta. Me abraça, me apoia, me recebe.
Eis que volta. Me ampara, me acolhe, me sustenta.
Eis que volta.