sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Blind

Naquele momento, tudo era diferente.
Sentia-se, mas também se enxergava.
Cada pequeno ser e gesto se transformavam em avalanche.
Quebra-cabeças gigante, castelo de cartas.
Me falta o ar. O chão parece ir embora eventualmente...
Ouço cada gota cair, o canto de cada pássaro.
Atenção. Cada minuto é sentido, nada automático.
Cuidado em cada passo. A escuridão parece penetrar-me.
Não é noite e ali é sempre. Nenhum raio de luz.
Era uma nova forma de enxergar. Sem ver.

Palavras de mim

Caminho que não se trilha, não se conhece.
Nem sempre o que eu falo retém o sentido que espero.
Muitas vezes, as ideias saem soltas e dançam sozinhas no ar.
Poucos conseguem enxergar além da pauta.
Sinto aqui tudo o que me sonda,
Minhas percepções sobre o que vivo ou outras pessoas vivem.
Faço com que cada letra me inunde e saia como me leu.
É um espaço meu, faz parte de mim.
É escrita, é poesia, sou eu.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Vitais

Doce flor do anoitecer.
Todo o dia se curva à chegada de tão bela figura. Cubro-me com a tua luz. Terno sabor de solitude. Posso ouvir meus próprios batimentos. Tenho um coração.
Sinto cheiro de sereno. Sento à beira da calçada e encho meu pensar com o soluçar da cantoria dos pequenos seres ali presentes. Posso ouvir o meu respirar. Tenho pulmões.
Plenas formas de vida. Literais.

Vazio de quê?

Havia um sorriso.
Grandes marcas naquele olhar.
Anoitecia. A chuva de verão caía.
Era tudo parte conectada de um grande quebra-cabeças.

Tudo naquela rua me fazia sonhar.
Embarcada na asa, podia fechar os olhos.
O desconhecido me abraçava.
Eu buscava algo.

Sinto que isso me falta, que me incompleta...
Ainda assim, o medo.
Inconstante sopetão de vontades.
Nada sai do lugar.

Quero um dia poder achar.
Quero um dia poder me achar.
Assim, quiçá viver.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Conector

E no meio de tanto torpor, encontrei aquele sorriso sincero.
Estive longe por tanto tempo que nem pude notar.
Por tantos caminhos, só ele permanecia.
Era um dia chuvoso, era tarde florida.
Era companhia e refúgio. Era apoio.
Era aquele dia, era vida. Era conexão.
Era destino.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Ubertoso coração

Hoje eu vi o mar.
A imensidão azul que na minha frente se formava,
trazia consigo uma paz sem precedentes.
Ao longo de meus passos, sinto-me com a leveza de uma folha ao ar em tardes outono.
Não estive direcionando certamente meu prumo.
O norte que um dia foi tão claro, deixava de existir assiduamente junto ao equilíbrio.
Nenhum vento me tirou completamente a modorra.
Furacões e raios, preciso de tempestade.
Com pequenos choques de vida, posso manter a respiração;
Contudo, quero mais. Sobreviver não é suficiente.
Sinto minhas veias em atividade, só preciso lembrar.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Afagos silábicos

O entrelaçar de suas palavras, me embriaga.
Doces incógnitas em um labirinto.
Tão perto e tão longe de qualquer coisa.
Deleito-me em afagos silábicos.
Fazem sentido esporadicamente.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O sopro da vida

Como uma bomba-relógio explodo!
Fagulhas ao ar. Grito!
Não tenho medo de ser feliz com vigor.
Sou excessos. Sou extremos e intensidade.
Se é tempo de lágrimas, as derramo.
Se é tempo de vãs palavras sem nexo,
Jogadas por ser jogadas ao ponto de somente fazer rir, que seja.
Loucura mesmo. Sem motivo. Sem razão. Riso frouxo.
Sem parafusos ou chaves.
Só por tua estação chegar.
É tempo de viver, então vivamos!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Encruzilhada

Me falta simetria e verso.
Me falta rima.
Me falta padrão. Me falta conexão.
Há tanta falta de tanta coisa que sufoco.
Paro. Penso.
Há tanta alegria, tanta coisa linda.
Há tanto gesto e gentileza.
Há tanta felicidade.
Por que olhar pr'o lado errado?

Novamente

Vento que me leva e traz sobre esse imenso mar.
Diga-me, sussurre onde pousar.
Lento e repetitivo é esse meu navegar.
Que me perde e me joga em um novo sonhar.

Quero sentir a brisa da tranquilidade na minha vida.
Traga-me a ausência de falta do que se perde.
Traga-me o conforto do colo nas tuas asas;
Fazendo o teu pouso ser leve e seguro.

Vida minha, onde queres chegar?
Ideias desencontradas me cobrem ao deitar.
Desnorteado é o rumo que tento tomar.
Mesmo assim, ao amanhecer, tranquila, quando o sol chegar,
Vou satisfeita, do sonho, acordar.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O que ("não") se diz

Sobre palavras que nunca deveriam ser ditas.
É tudo sobre isso.
Linhas e mais linhas que se derramam por empolgação.
Letras e mais letras organizadas e esquecidas.
Traziam felicidade, traziam conforto.
Nunca formaram um verdadeiro laço forte, mas fazia bem.
Era o ápice, a ponta que crescia e decrescia.
Era um fôlego, uma luz.
Era mentira e insensatez.
Se algo tira-me dos trilhos são palavras.
Mas aquelas jogadas e inconsequentes.
Aquelas desditas, usurpadas.
Não seriam, mas hoje é tudo sobre isso.
Sobre palavras que nunca deveriam ser ditas.

Sobre o vazio

Era um lapso, um momento.
Era lindo e azul, mas sem razão.
Era um conforto diário sem base e inverdadeiro.
Era motivo de sorrisos sem nexo.
Uma casa, um caminho, uma ponte... sem chão.
Brilhava e nunca teve luz.
Fazia bem sem nunca ter existido.
Era um monte de coisa nenhuma que trazia alguma vida.
Era tudo e muito menos.
Era nada.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Peace

Corda bamba, meio fio.
Pelas entrelinhas, passeio.
Te ouço, te percebo. E por nada reajo.

Doce finitude instantânea.
Amargo amadurecer.
Raio de sol que me desperta.
Janela entreaberta do meu ser.
Ora escancarada, ora trancada.

Quero o florir das flores da minha primavera.
Quero lua nova e cheia para encher meus olhos.
Maré alta ao tocar meus pés.
Uma onda vem e mais outra.
A brisa me toca e estou em paz.

Ali mais uma vez.

Tantos guardados

Guardo em mim tantos sorrisos.
Guardo em mim tantas músicas.
Guardei cada cheiro e cada reação.
Cada olhar e cada lição.

Por meu caminho, venho guardando fatos.
Venho guardando lenços e papéis.
Tenho guardado chances a cada dez.

Baú sem chave e sem fim.
Interminável coleção de momentos.
Não me desfaço.
Não sei e nem aprendo.
Nem por inteiro nem em pedaço.
Pirraço.



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Boneca de pano

Olhando para trás, pedaços de mim estavam pelo caminho.
Por uma vida, corri por tantas curvas que nem me lembro.
Fui moldada. A cada passo, buscava tesouros ao chão.
Quis aprender com os erros alheios,
E mesmo que tenha precisado também dos meus, fui juntando um por um.
Hoje sou uma teia remendada de pedaços meus.
Por partes em que me deixei ou deixaram;
mas principalmente pelos momentos que levantei e me recosturei com sorrisos.

A nossa flor

Dentro do poeta, há uma flor.
A ser cultivada e observada, 
Ela vive.
Precisando de luz,
Produzindo esperança.

É uma flor que não morre em definitivo.
Por um momento desabrocha,
E como uma fenix, renasce, se for preciso.

Produz galhos de uma beleza viril.
Sua natureza, nos traz alegria desmedida.

No meio de tantas árvores que criamos em conjunto com as pessoas, é só uma flor.
E ainda assim, é a partir dela que se cria toda uma vida.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

3...2...1!

Sorrisos leves e soltos. Conversas simultâneas. Abraços aleatórios. Fotos. Carinho parafraseado. É um novo ano, assim como houveram necessárias segundas-feiras. Como se estivesse de fora, paro e observo. Renascem esperanças, uma nova oportunidade. Cá estávamos novamente contando em regressiva. Boom! Nascia um novo capítulo da história.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

No maps

Os meus caminhos são incertos. Quis, um dia, andar em linha reta. Hoje meu trilhar se cruza e se dissipa em meio à mata fechada dos meus pensamentos. Me perco e me encontro diariamente. Não tenho mapa nem um guia. Diária desperceptividade.